Costa voltou ao Conservatório para pagar dívida à escola onde foi mais feliz

Conservatório reclamava obras profundas no edifício do antigo Convento dos Caetanos. Foram lançadas hoje.

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António Costa estudou no Conservatório LUSA/HUGO DELGADO

O primeiro-ministro, António Costa, regressou esta quarta-feira ao Conservatório onde estudou durante três anos para o lançamento das obras de requalificação da escola onde foi mais feliz e que foi central na sua formação.

"Foi a escola onde fui mais feliz e estou aqui a pagar essa dívida, porque quero que todas as meninas e meninos que, no futuro, queiram aqui estudar, possam ser tão felizes como eu fui, como nós fomos nos anos em que aqui estivemos", afirmou António Costa.

O chefe de Governo assistiu ao lançamento do projecto de requalificação da Escola de Dança e Música do Conservatório, em Lisboa, onde estudou entre 1971 e 1974, na primeira experiência de ensino artístico integrado do país, quando aquele estabelecimento de ensino funcionou como secção da Escola Francisco Arruda.

"Não sou músico, não sou bailarino, não sou coreógrafo, não sou nada daquilo que podia ter sido se tivesse seguido essa aprendizagem, mas tenho uma certeza absoluta: sou o que sou, em grande medida, graças aos três anos que aqui estive", recordou.

António Costa integrou os primeiros 59 alunos do projecto, então dirigido pela artista plástica Isabel Laginhas, e em que teve como colega o músico Miguel Ivo Cruz.

"Nem todos nós nos tornamos músicos, bailarinos, mas todos ganhamos uma sensibilidade e uma aprendizagem para o valor da música e da dança absolutamente essencial", afirmou.

O primeiro-ministro enquadrou esta sua experiência na reflexão feita pela directora do Conservatório hoje de que "o ensino não existe só para formar" para o mercado de trabalho. "Existe para formar cidadãos, que sejam ativos na vida democrática, na vida cultural, que possam ter os seus horizontes alargados, a sua sensibilidade desenvolvida e o seu potencial realizado plenamente com a escola", defendeu.

O Conservatório Nacional, instalado no antigo Convento dos Caetanos, do século XVII, no Bairro Alto, vai ter obras de recuperação no valor de 9,2 milhões de euros, até 2020, de acordo com a portaria hoje publicada em Diário da República.

"Faz-me bastante impressão ter a nítida sensação de que desde que aqui saí em outubro de 1974 até ao dia de hoje não houve sequer uma nova lata de tinta a pintar estas paredes", disse António Costa.

Durante as obras, a escola fica instalada provisoriamente, na Escola Secundária Marquês de Pombal, em Lisboa, que também teve obras de adaptação no valor de 680,221 mil euros, conforme portaria conjunta do ministro da Educação e do secretário de Estado do Orçamento.

Há vários anos que a direcção do Conservatório reclamava obras profundas no edifício do antigo Convento dos Caetanos, com vários problemas de degradação, a acentuarem-se sobretudo no inverno.

Esses problemas foram colmatados provisoriamente com intervenções pontuais no edifício.

Há dois anos, durante uma visita à escola, o ministro da Educação disse que o Conservatório era uma das prioridades do Governo, tendo garantido a calendarização de obras para o seguinte ano letivo e a respectiva orçamentação da despesa, a partir de 2017.

O Conservatório Nacional de Música, actual Escola de Música do Conservatório Nacional, foi criado em 1835, por iniciativa do compositor João Domingos Bomtempo, após o fecho do Seminário da Patriarcal, em 1834. Em 1836, juntou-se ao Conservatório Nacional de Arte Dramática, criado por Almeida Garrett, no âmbito da reforma do ensino do Governo liberal.