Japão caçou 122 baleias grávidas em 12 semanas para "investigação científica"

A carne da baleia-anã é vendida para consumo alimentar.

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No total foram capturadas 333 baleias-anãs Reuters/Toru Hanai

Um grupo de baleeiros japoneses capturou e matou 333 baleias-anãs (ou baleias-de-minke) das quais mais de 120 eram fêmeas grávidas. O grupo de caçadores invocou que os animais foram caçados para “investigação científica”. Esta não é a primeira vez que o Japão caça centenas de animais desta espécie, negando que as actividades sejam de caça comercial e garantindo que o fim da captura é apenas e só a investigação.

Para além das baleias grávidas, 61 baleias-anãs macho e 53 fêmeas ainda não estavam em idade adulta. A revelação é feita num relatório referente a uma expedição de 12 semanas ao Oceano Antárctico, entre Novembro de 2017 e Março de 2018, publicado pela Comissão Baleeira Internacional (International Whaling Commission). A captura foi feita à revelia da proibição da Organização das Nações Unidas imposta em 2014.

"Esta é mais uma prova, caso fosse necessária, da natureza horrível e desnecessária destas operações, especialmente tendo em conta que pesquisas não-letais já comprovaram ser suficientes para responder às necessidades científicas", sublinhou Alexia Wellbelove, do programa Humane Society International. Num comunicado, a organização sublinha o desrespeito pela posição da comunidade e do Tribunal Internacional de Justiça em relação ao controverso programa de pesca japonês.

"As baleias já estão a enfrentar ameaças substanciais, incluindo as capturas na pesca e a poluição marinha. Estão em curso esforços significativos para a sua conservação a nível mundial. O mínimo que o Japão pode fazer é deixar de lado os arpões", vincou Wellbelove.

"O contínuo assassínio de qualquer baleia é abominável para a sociedade moderna, mas estes novos números tornam tudo ainda mais chocante", acrescenta. A Humane Society International pressiona "a Austrália e outros países pró-conservação" para que enviem "uma forte mensagem Japão", a fim de terminar com os seus programas de caça.

Num plano de investigação publicado após a proibição da ONU, o Governo do Japão declarou que o programa de caça às baleias é indispensável para a investigação científica destes cetáceos.

Depois da “investigação”, a carne da baleia-anã é vendida para consumo alimentar.

A captura destes cetáceos, nos quais se insere a baleia-anã (balaenoptera acutorostrata), de bico comprido e afiado e com longas barbatanas, tem provocado nos últimos anos uma crescente tensão com as organizações ambientalistas. De acordo com o artigo VIII da Convenção Internacional para Regulamentação da Pesca da Baleia, assinado em 1946, “cada governo contratante poderá conceder, a um dos seus nacionais, uma permissão especial autorizando-o a matar, capturar e tratar baleias com propósito de pesquisas científicas”. É a esse acordo que o Japão recorre para justificar a legalidade da caça. Além desta justificação, o Governo japonês argumenta ainda que a caça de baleias “faz parte da cultura do país”.

No entanto, como explica a BBC, se é verdade que a pesca nas comunidades costeiras no norte do Japão faz parte da história do país, as expedições até ao Antárctico para a caça de cetáceos só começou depois da II Guerra Mundial, quando o país, devastado pelo conflito, dependia de baleias como fonte primária de proteína.

O Japão não é o único país que ainda caça baleias para consumo alimentar. Na lista de caçadores estão a Noruega, Islândia, a Gronelândia, a Rússia, os Estados Unidos e as  ilhas de São Vicente e Granadinas, que justificam a captura com a subsistência das comunidades locais.

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