Pena máxima para jovem que matou homem à porta de discoteca

Colectivo de juízes considera que "nada justifica o que aconteceu" e teve em conta que o homicida, de 22 anos, já tinha cadastro de quatro condenações

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Enric Vives-Rubio / Arquivo

O colectivo de juízes do Tribunal de Coimbra decidiu punir com 25 anos de prisão o autor dos 14 tiros à porta da Avenue Club, no dia 8 de Janeiro de 2017, e que levaram Ismael Soares, de 30 anos, à morte. A vítima desempenhava funções de segurança e a sua namorada acabou ferida num pé.

Na leitura da sentença, a juíza sublinhou que "nada justifica o que aconteceu" e lembrou que o arguido, Elísio Souza, já conta com quatro condenações no cadastro, por crimes como detenção de arma proibida e ofensa à integridade física. A presidente do colectivo de juízes apontou a “especial censurabilidade da conduta” do arguido, que atingiu a vítima “de forma brutal”.

Depois dos primeiros disparos, apesar de a namorada da vítima mortal ter implorado que Elísio Souza não continuasse, o jovem voltou a disparar contra Ismael, que já se encontrava caído no chão. A pena de 25 anos em cúmulo jurídico corresponde ao tempo de prisão pedido pelo Ministério Público.

No essencial, o tribunal deu como provado os factos constantes na acusação. Ficou no entanto por esclarecer o papel do condutor da viatura em que Elísio Souza e a namorada circulavam. Também não foi apurado a quem pertencia a arma de fogo utilizada nos disparos.

Uma discussão entre a namorada de Elísio Souza, que é também arguida no processo, e uma gerente do Avenue Club terá estado na origem do crime, com a jovem a agredir a responsável pelo espaço com uma soqueira. O tribunal considerou a jovem culpada de um crime de detenção de arma proibida e de outro de ofensa à integridade física qualificada, pelos quais vai cumprir dois anos com pena suspensa.

O padrasto do autor do crime foi condenado a 10 meses, também com pena suspensa, por ter auxiliado o casal na fuga às autoridades. O tribunal não conseguiu provar a quem pertencia a arma de fogo, pelo que acabou por absolver o outro arguido do processo.

Num tribunal com segurança reforçada, um dos familiares da vítima tentou aproximar-se do autor dos disparos já fora da sala de audiências, mas foi impedido pelos elementos do dispositivo policial.

No final da leitura do acórdão, o advogado do arguido, João Palmeirão, afirmou aos jornalistas que a pena “é um bocado elevada” e que não foram tidas em conta “atenuantes” como o facto de “já haver um desaguisado entre os dois e de o próprio ter sido agredido naquele dia”. O advogado ainda não sabe se vai recorrer.

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