Cardeal patriarca pede aos deputados para votarem "não" à eutanásia
"Espero que todos e cada um dos deputados, como legisladores que são, tenham devidamente em conta o que a sociedade tem manifestado", disse Manuel Clemente.
O cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, pediu aos deputados para votarem, na terça-feira, contra os quatro projectos de lei que descriminalizam a morte medicamente assistida.
"Espero que todos e cada um dos deputados, como legisladores que são, tenham devidamente em conta o que a sociedade tem manifestado", disse Manuel Clemente, em declarações à Ecclesia, no domingo, em Penafirme, Torres Vedras, durante a "Festa da Família" do Patriarcado de Lisboa.
O bispo lembrou as posições públicas do actual e dos antigos bastonários da Ordem dos Médicos, do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida e de antigos chefes de Estado e governantes de Portugal, numa referência a Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho, e de organizações da sociedade civil e religiosas.
"Uma vez que todos esses grupos se manifestaram insistentemente no sentido do não, se a Assembleia quer estar em sintonia com a sociedade tem de ter isso em conta", disse Manuel Clemente, que a meio do mês já tinha apelado à criação de licenças laborais para acompanhar doentes em fase terminal.
Quatros projectos de lei para despenalizar e regular a morte medicamente assistida em Portugal apresentados por PS, BE, PEV e PAN vão a debate e votação, na generalidade, na terça-feira, na Assembleia da República.
Nas bancadas do PSD e do PS, que no total somam 175 dos 230 deputados, haverá liberdade de voto, tornando imprevisível o resultado, que dependerá muito dos "sim" na bancada social-democrata e dos desalinhados do "não" no grupo parlamentar socialista.
Outros factores a ter em conta são os deputados indecisos, as abstenções e os parlamentares que faltarem na terça-feira.