Vamos pôr o assunto em números, que talvez seja essa a melhor forma de o introduzir. Uma palhinha tem um tempo médio de vida de quatro minutos e demora mais de 400 anos a degradar-se. Segundo um recente estudo da Seas at Risk, anualmente são consumidas 36,4 mil milhões de palhinhas na União Europeia (em Portugal são coisa de mil milhões). Como dizia o outro: é só fazer as contas e perceber o impacto ambiental destes pequenos objectos (e agora juntar-lhe todos os outros produtos plásticos ou prejudiciais). Dá que pensar, não?
Foi com este cenário e com o objectivo de consciencializar e mobilizar a população que 3 de Fevereiro foi decretado o Dia Internacional sem Palhinha, por cá organizado pela Zero Waste Portugal. Para o assinalar, fomos recuperar algumas notícias publicadas no P3 — e deixamos alguns conselhos práticos.
Para uma iniciação ao assunto, o documentário Straws, publicado em meados de 2017, é uma boa aposta. Em 30 minutos, mostra-se como pessoas, associações e empresas estão a tentar reduzir o uso de palhinhas. E dá-se uma volta a parte da história desta “ameaça gigante” em forma de canudo, que se tornou mais comum na década de 50, com a popularidade dos automóveis e da fast food.
Felizmente, há cada vez mais gente preocupada com o ambiente. E entre os projectos que por cá se encontram há não só planos práticos mas também artísticos. O importante é pôr este assunto em cima da mesa. Ana Pêgo, bióloga de formação, recolhe lixo da praia (é impressionante a quantidade de objectos que encontra!) e usa-o para criar. Mas não é uma arte qualquer: o objectivo final passa sempre pelo alerta para a poluição dos oceanos.
Quando se cruzou com um vídeo onde se contava a história de uma tartaruga encontrada na Costa Rica com uma palhinha de plástico de dez centímetros presa no nariz, Carla Lourenço decidiu que tinha de fazer alguma coisa. Aproveitando a sua formação como bióloga marinha, criou um projecto de sensibilização ambiental para alertar para o problema do lixo marinho. A Straw Patrol (patrulha da palhinha em português) limpa praias e ainda dá uma nova vida a algum do lixo recolhido.
O movimento por um mundo sem palhinhas — iniciado nos Estados Unidos da América — tem já geografia alargada e é significativo em vários países. Há várias coisas que todos podem fazer para ajudar a proteger o ambiente — e salvar milhares de vidas (estima-se que até 2050 haverá mais plástico do que peixe nos oceanos, em peso).
1) Quando te trouxerem palhinhas em restaurantes, cafés ou bares manda-as para trás.
2) E vai mais longe: aproveita o momento para alguma pedagogia e tenta convencer os donos do espaço a não comercializar estes objectos — ou a usar outras opções.
3) Se és daquelas pessoas que adora beber por uma palhinha não há problema: procura alternativas ao plástico e continua a usar estes pequenos canudos. Uma empresa espanhola criou as Sorbos: palhinhas biodegradáveis que são comestíveis, aromatizadas e personalizáveis. E isto é só para dar um exemplo. Há palhas de bambu, vidro, aço inoxidável... É só escolher.
4) Se já estás convencido, a missão não está fechada. Agora é só convencer todas as pessoas à tua volta.
5) E mais uma sugestão, para minimizar danos já causados: organizem limpezas de praias — ou juntem-se à Straw Patrol. Viver sem plástico é possível? Ora vejam lá.