O Facebook revelou-se um lugar de oportunidades infinitas. Através da construção do nosso perfil estamos sob os olhos do mundo e todos podemos desempenhar o papel que desejarmos.
A modelo Coco Rocha, uma das manequins que mais aproveita as vantagens das novas tecnologias, lançou há umas semanas um vídeo em que aparecia a ensinar como tirar a fotografia perfeita de perfil para o Facebook. No vídeo ia dizendo o que se deveria ou não fazer no momento de tirar a tal fotografia que iria servir como cartão de visita da nossa página. Isto poderia parecer absolutamente trivial mas a verdade é que no mundo do ciberespaço essa é literalmente a nossa imagem. É com ela que mostramos quem somos.
Isto faz-nos pensar que tudo no ciberespaço é, tal como no cinema, uma fachada. Porque por mais que procuremos dar uma ideia de nós que corresponda ao máximo à verdade, como havemos de não cair na tentação de mostrar o nosso melhor lado?
Afinal de contas, é tudo uma questão de enquadramento. Podemos escolher a parte de nós que queremos mostrar tal como decidir o que partilhar sobre as nossas vivências. A foto de perfil é uma forma de mostrar aos outros como desejamos que nos vejam, e os interesses um modo de dar a conhecer quem somos. E o melhor de tudo é que no Facebook nós controlamos a informação que os outros vão ver sobre nós.
Veja-se o exemplo de Kim Schmitz, fundador do Megaupload, cujo perfil de Facebook era uma autêntica farsa, como apareceu escrito no P2: “Ele sabe que, no mundo do ciberespaço, o que parece é. A rapariga que aparece ao seu lado numa praia tropical? Uma modelo, já com o carimbo Playboy no currículo, contratada para o efeito. O iate dessa viagem? Alugado. Helicópteros, aviões, grandes carros? Idem. O que conta é a foto, o vídeo, a fama, o mito.”
Noutros tempos o actor Cary Grant afirmava: “Toda a gente quer ser o Cary Grant, até eu quero ser o Cary Grant”. Hoje está ao alcance do comum mortal ser quem ele deseja no ciberespaço porque a reputação está nos olhos de quem nos vê - e no Facebook o que os outros vêem é o que nós partilhamos.