Uma longa conversa para uma breve referência ao pénis do Fassbender

Para quem não viu o filme "Vergonha", ou estava distraído, a pergunta era: se pudesses escolher viver numa época qualquer, do passado ou do futuro, qual escolherias?

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Quando imagino o futuro, imagino-o cheio de gente ociosa. Gente que não trabalha, ou trabalha muito pouco, porque não tem contas para pagar e porque prefere usar o tempo a fazer outra coisa. Não são ricos, não, porque essa coisa dos ricos e pobres estará muito esbatida (este é o meu futuro e eu imagino-o como quiser), são, isso sim, remediados e felizes.

Também há, naturalmente, os que trabalham, nesse futuro imaginado, mas como trabalham porque querem são igualmente felizes. Por isso, se o Brandon me perguntasse a mim, o que perguntou à Marianne, no filme "Vergonha", que é aquele em que Fassbender mostra o pénis (e aqui está uma forma subtil e inteligente, digo eu, de trazer à tona, salvo seja, ao pénis do Fassbender), eu responderia “daqui a 50 anos”. Para quem não viu o filme, ou estava distraído, a pergunta era: se pudesses escolher viver numa época qualquer, do passado ou do futuro, qual escolherias?

Eu escolheria, então, o futuro. Esse futuro com gente que, por não ter de trabalhar, pode perder tempo a pensar em formas de erradicar a fome do mundo, ou a salvar os refugiados, por exemplo. Um futuro sem burros, porque não havendo pobres, deixa de haver burros, certo Dr. Michael Marmot? Bom, na verdade os remediados poderão ser considerados pobres em comparação com os ricos, mas a diferença entre os pobres do futuro e os de agora é que aqueles vivem bem: têm casa e comida e, sobretudo, educação.

Como é que conseguimos esse feito em 50 anos? Bom, isso não sei, porque nasci pobre e o meio social veio potenciar o biológico já numa idade avançada, mas parece que teve alguma coisa a ver com uma ideia luminosa de se acabar com as contas. Parece que grande parte da população trabalhava porque tinha de pagar contas, logo ao eliminá-las deixou de haver a necessidade de trabalhar.

E o mundo passou a ser um lugar muito mais interessante, porque reparem: é por haver pessoas com muito tempo livre que se fazem coisas extraordinárias, como por exemplo a daquele rapaz russo que ao longo de um ano se pôs a apalpar mamas (mil pares delas, para ser exacta) para poder passar energia positiva ao presidente Putin.

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Vergonha, de Steve MacQueen DR
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