Bruno de Carvalho: “Portugal está a tentar destruir o seu ‘enfant terrible’”
O líder "leonino" diz-se vítima de “acto terrorista” e lamenta o silêncio dos adeptos que sempre o apoiaram. Acusa Benfica, Ricciardi e Marta Soares de serem os cabecilhas da campanha montada para a sua queda e revela que não estará no Jamor na final da Taça
Bruno de Carvalho acredita que está a ser vítima de uma enorme cabala para o “varrer” do Sporting e lamenta o silêncio dos adeptos que sempre o apoiaram. Considerando que não estão reunidas as condições para assistir à final da Taça de Portugal, o presidente confirmou que não estará no Jamor este domingo e anunciou que pretende dar explicações a todos os sócios que o desejarem em três sessões de esclarecimento espalhadas pelo país, durante a próxima semana.
“Disse aos sportinguistas várias vezes que se não os tivesse atrás de mim me matavam. E a verdade é que os sportinguistas sempre me disseram para não me preocupar, para ir em frente porque estariam aqui e eram o meu exército. Mas, neste momento, perante o ataque mais vil, pessoal, indigno que nos estão a fazer, não vejo onde estão as pessoas que sabiam da capacidade de manipulação da comunicação social”, lamentou Bruno de Carvalho, numa longa conferência de imprensa, ao início da tarde deste sábado, no Estádio José Alvalade.
Para o dirigente “leonino”, esta campanha negativa, que qualifica como o “maior acto de terrorismo feito sobre uma pessoa e seus companheiros de equipa”, é o resultado do seu combate contra os interesses instalados. “Neste momento, Portugal aproveitou para destruir o seu ‘enfant terrible’, porque as pessoas não gostam que diga a verdade e preferem comer e calar.”
Uma campanha negativa que, garante, está a ser orquestrada por forças externas, com o Benfica à cabeça, mas também por muitos sportinguistas que lideraram o clube nos 20 anos que antecederam a sua chegada à direcção e que nunca aceitaram a sua liderança: “Querem tomar de assalto, mais uma vez, o Sporting.”
Nesta frente de oposição interna, coloca à cabeça José Maria Ricciardi. “É um sobrevivente e o estratega de tudo isto que se está a passar. Mudou a sua posição [de apoio à actual direcção] e com ele tantos dos que se diziam nossos apoiantes”, defendeu, revelando que o banqueiro só começou a contestar a sua liderança depois de ter visto recusado um negócio que propôs ao clube.
“Quis com toda a força assessorar o empréstimo obrigacionista [de 30 milhões de euros] com o Montepio através da sua nova empresa Optimal Investments [que gera fundos de capital de risco], mas nós recusámos a proposta”, explicou, sublinhando que logo depois começou “a juntar tropas” para atacar esta direcção. Revelou também que Ricciardi teria prometido 15 milhões de euros para financiar a renovação de contrato com Jorge Jesus, mas que nunca cumpriu: “Tivemos de ser nós a trabalhar e a resolver mais esse problema.”
De Ricciardi, o presidente “leonino” virou as baterias para Jaime Marta Soares, presidente demissionário da Mesa da Assembleia-Geral (AG). “Dias antes do apelidado ‘caso de Madrid’ [a guerra de palavras nas redes sociais entre o presidente e os jogadores, na sequência da derrota na capital espanhola, na primeira mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões], veio propor-me, a pedido de Luís Filipe Vieira [presidente do Benfica], uma cimeira com o mesmo. Recusei esse convite inusitado e claro que a nossa relação passou a ser muito difícil.”
Bruno de Carvalho negou ainda estar agarrado ao poder, referindo que há três meses deixou nas mãos dos sócios a decisão sobre a continuidade da sua direcção e que estes o apoiaram com quase 90% dos votos expressos numa AG extraordinária. “Dizem-me para apresentar a demissão e voltar a candidatar-me, mas Jaime Marta Soares vai empossar uma comissão de gestão durante seis meses.”