Universidade do Michigan vai indemnizar as vítimas de Larry Nassar em 500 milhões de dólares

O antigo médico do comité de ginástica dos Estados Unidos foi condenado pelo abuso sexual de mais de 150 atletas durante duas décadas. Vítimas incluíam adolescentes e crianças.

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Reuters/Rebecca Cook

A Universidade Estadual do Michigan vai indemnizar as vítimas do antigo médico olímpico Larry Nassar em 500 milhões de dólares (aproximadamente 423 milhões de euros), anunciou a instituição de ensino esta quarta-feira. O acordo estipulado com os advogados que representam parte das vítimas do antigo médico foi aprovado na terça-feira. Para além de trabalhar na equipa olímpica, Lawrence Gerard Nassar, de 54 anos, era clínico da Universidade Estatal do Michigan, onde abusou de dezenas adolescentes.

Nassar abusou de, pelo menos, 156 atletas, a maioria menores, durante os últimos 20 anos. O máximo responsável médico da federação de ginástica dos Estados Unidos nas últimas três décadas foi condenado a uma pena de prisão entre os 40 e os 125 anos de prisão num tribunal no estado norte-americano do Michigan, por ter abusado sexualmente de ginastas menores durante a sua carreira. Esta sentença junta-se aos 40 a 175 anos a que foi condenado em Janeiro num caso separado mas que envolvia os mesmos crimes, e aos 60 anos que já está a cumprir por posse de pornografia infantil.

“Este acordo histórico é possível graças à coragem de mais de 300 mulheres e raparigas que lhe fizeram frente [a Larry Nassar] e recusaram ser silenciadas”, resumiu John Manly, um dos advogados das vítimas, citado pelo New York Times. “A esperança das sobreviventes é que o legado deste acordo consiga incutir uma reforma estrutural que acabe com a ameaça de abuso sexual no desporto, nas escolas e na nossa sociedade por completo”, acrescentou.

Amanda Thomashow, uma das vítimas de Nassar — e que denunciou os comportamentos abusivos do antigo médico à universidade ainda em 2014 —, espera que o acordo contribua para causar mudanças culturais no estado do Michigan e no diálogo à escala nacional sobre os abusos sexuais. “Acredito que isto é um passo em frente para a minha recuperação e para a de todas as sobreviventes que disseram a verdade. Mas também acho que existe ainda muito trabalho por fazer nesta universidade e em várias universidades por todo o país”.

O acordo desta terça-feira diz respeito apenas às acusações feitas contra a universidade. Os processos contra o Comité Olímpico dos EUA e à federação de ginástica norte-americana ainda estão em fase de negociação.

O escândalo de abuso sexual levou à demissão da reitora da universidade. Lou Anna Simon era criticada por ter sido incapaz de travar os abusos cometidos na instituição que liderava. Apresentou a sua demissão a 24 de Janeiro deste ano. À data da demissão, a então reitora garantiu que não sabia dos casos. No entanto muitas das vítimas garantem que falaram com pessoal da universidade – contactos que não só teriam sido ignorados, mas que as fizeram sentir culpadas. 

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