Lourinhanosaurus, ou o dinossauro mais bonito do mundo

O Dino Parque da Lourinhã é perfeito para um passeio em família. São três quilómetros de trilhos, espalhados por quatro percursos distintos, onde é possível encontrar 120 modelos de dinossauros construídos à escala real.

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Nuno Ferreira Santos

Não é preciso ter uma devoção particular por dinossauros para considerar uma visita ao Dino Parque da Lourinhã, que abriu há pouco mais de três meses na Abelheira, a 45 quilómetros de Lisboa. E se começamos o texto com esta ressalva é para sublinhar, mesmo, que é muito difícil sair deste verdadeiro museu ao ar livre — ocupa uma área superior a dez campos de futebol — sem ficar rendido com a impressionante viagem no tempo que ali é proporcionada a miúdos e graúdos.

Portugal está entre os 10 países do mundo com mais géneros de dinossauros aqui descobertos (30 espécies diferentes) e se calhar há muito pouca gente a saber disto. A primeira descoberta de um dinossauro em Portugal foi feita em 1863, e a formação da Lourinhã, uma formação geológica com cerca de 150 milhões de anos, tornou-se rapidamente numa região de grande importância para fazer descobertas destes bichos extintos há milhões de anos e que nos ajudam a perceber a evolução do nosso planeta.

A primeira recomendação que podemos deixar é que vá com tempo — uma hora e meia para a visita é o tempo mínimo aceitável. Nos meses de Verão, em que o parque fecha mais tarde (só às 19h), a última entrada permitida é as 17h30 e, sublinhe-se, não há nenhum exagero nisso. O Verão é, porventura, a melhor altura do ano para visitar este parque, já que o ponto alto da visita é indubitavelmente o passeio ao longo dos quatro percursos temáticos (Paleozóico, Triásico, Jurássico e Cretácico), que serpenteiam entre o pinhal noutros tantos trilhos que, somados, nos deixam com cerca de três quilómetros calcorreados.

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O melhor é ir com tempo, dizíamos, e, se calhar, preparados para um piquenique, que não faltam pelo parque lugares onde apetece parar para sentar e usufruir das actividades e brincadeiras — os mais novos serão “tentados” em vários instantes a ir experimentar um baloiço ou outro tipo de brinquedos comuns nos parques infantis. Os mais velhos poderão sempre entreter-se a ler as placas informativas, onde houve preocupação em contar histórias sem descurar o rigor científico.

Convenhamos que os nomes destes bichos não são fáceis de pronunciar, mas, mais importante que isso (perdoem-nos os cientistas), é perceber ao vivo e a cores como é que os seres vivos se foram adaptando ao seu meio ambiente para sobreviver. Dizer ao vivo e a cores é talvez um exagero, porque os mais de 120 animais que estão espalhados pelo parque são meros modelos, construídos numa fábrica da Alemanha. Mas são modelos construídos à escala real, com o maior rigor científico. Que ninguém se espante, logo à entrada, com o tamanho das meganeura, um parente das libelinhas, que foram dos maiores insectos que já habitaram o planeta. Imagine uma libelinha pesar meio quilo. Ler as placas informativas ajuda a perceber que só existiam na altura do período Carbonífero (há 300 milhões de anos), quando a concentração de oxigénio era muito elevada.

Uma das grandes curiosidades do Dino Parque é a possibilidade de, pela primeira vez, ser possível visualizar os modelos dos dinossauros descobertos em Portugal, nomeadamente na Lourinhã. Por exemplo, o Torvosaurus gurneyi, o maior predador terrestre do Jurássico, com 11 metros de comprimento, e que habitou o planeta muito antes de existir o agora famoso Tyrannosaurus Rex (e Steven Spielberg e o seu Parque Jurássico têm muita responsabilidade nisso).

O T-Rex, como a maioria das crianças a ele se refere, até pode ser o dinossauro mais famoso, e do qual todos sabem o nome. Mas o elemento mais novo da família cá de casa — que olhou com atenção para todos eles — confessou que o dinossauro que tinha gostado mais de conhecer foi “o maior de todos”, aquele em que os trilhos nos deixam passar por debaixo dele e ter uma noção exacta do seu tamanho. É um Lourinhanosaurus alenquerensis, um herbívoro tão grande (chegava a ter 17 metros de comprimentos e pesava 17 toneladas) que não poderia ser caçado por predadores solitários. “Este é o mais bonito do mundo.” Porque não deixar o título deste texto à simplicidade da avaliação de uma criança?

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