Sim, em 1992 tudo era possível. O seguinte texto foi criado a partir das mensagens deixadas no livro “Salvemos a Terra”, de Jonathon Porritt, para a Eco-92, Conferência do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, um grito de alerta contra a devastação do nosso planeta pelo bicho Homem, e para a qual estávamos todos então a acordar. Eu tinha 14 anos e acreditava. Ainda não deixei de acreditar.
Salvemos a Terra!
Se a Terra fosse uma pequena esfera a flutuar por cima de um campo de trigo, estou certo, não deixaríamos de nos maravilhar com os seus oceanos de cor azul, todos os continentes e as nuvens por cima e ao redor em padrões ritmados, mas também dispersos, na companhia das aves e outros animais alados. Encantados diríamos tratar-se de um milagre para dia após dia percorrermos quilómetros e quilómetros só para a adorarmos, à Terra, com os seus animais à superfície entre os rios e os oceanos, as barreiras de coral, as montanhas, florestas, a savana e a tundra, estepes, mil planícies e pradarias. Conscientes da sua singularidade, tudo seria feito da nossa parte, da tua e da minha, para a proteger, único lar tido e conhecido na imensa vastidão cósmica e inóspita do Universo. Assim, não deixaríamos de passar a palavra a todos quantos a vissem preenchida de estações, ecossistemas e climas, lar da diversidade, a nossa origem e biodiversidade, princípio, meio e fim de tudo e todos nós. Felizes e em conjunto, de dia e noite dançaríamos à sua volta entre canções, poemas e histórias ao mesmo tempo de juras eternas de amor e paixão, uniões na bênção deste santuário vivo e sagrado, único e nosso. Isto se a Terra fosse uma pequena esfera a flutuar por si só, sem ajuda e como por magia, algures por cima de um pequeno campo de trigo, logo aqui à tua frente, logo aqui à tua porta.