O vosso projecto é um dos 10 finalistas da edição 2016 do PNIC. Como o descreveriam a quem nunca ouviu falar de vocês?
A Imaginando dedica-se à criação de “software” e experiências multimédia. Neste momento, o foco está na música electrónica porque foi a experiência como DJ e produtor que me fez querer criar as minhas próprias soluções. Mas o sonho é bastante mais abrangente. Como utilizador do Traktor da Native Instruments — “software” usado globalmente por DJ em actuações ao vivo —, achei que havia uma lacuna na forma como se usavam os efeitos e, por isso, criei o TKFX, um controlador remoto específico para a secção dos efeitos. O TKFX permite ao utilizador usar o “smartphone” ou “tablet” para controlar simultaneamente mais do que um efeito, tirando partido do ecrã táctil destes dispositivos.
Como também sou utilizador assíduo do “software” de composição e produção de música electrónica Ableton Live, achei que as soluções existentes para o controlo remoto deste programa em “smartphones” e “tablets” não eram intuitivas e criei o meu próprio controlador, o LK, acrescentando-lhe funcionalidades de controlo MIDI. Isto permite que um simples telemóvel ou “tablet” consiga controlar remotamente um instrumento físico com conexões MIDI.
Mais recentemente foi lançado o DRC, uma aplicação que permite a qualquer telefone ou “tablet” tornar-se num instrumento musical. O DRC é um sintetizador (instrumento que permite a geração de sons) e foi desenvolvido em parceria com o meu amigo de longa data e engenheiro de som Rui Antunes. Nesta aventura, cruzámos os conhecimentos de desenvolvimento de “software” com os da tecnologia áudio e electrónica analógica.
A Imaginando divide-se em duas componentes distintas: produtos e projecto. Os nossos produtos não são para massas, mas os projectos podem ser e isso ficou bem claro com o impacto da Harpa Laser junto das pessoas. A Imaginando é, neste momento, uma micro iniciativa auto-financiada que conta apenas com um trabalhador a tempo inteiro e com várias colaborações pontuais. O público-alvo dos produtos da Imaginando é global, sendo que os maiores mercados são os Estados Unidos, a Grã Bretanha, Alemanha, França e Itália. Todos os produtos da Imaginando estão disponíveis na App Store e Google Play e podem ser usados sem qualquer tipo de limitação durante sete dias.
Em que é que a vossa empresa difere de outros projectos semelhantes?
Em Portugal não há projectos semelhantes, a Imaginando é pioneira nesta área. No entanto, por esse mundo fora existem muitas soluções similares e bem sucedidas. A grande diferenciação dos produtos da Imaginando tem a ver com o facto de todos estarem disponíveis para “smartphone” e “tablet”, quer iOS quer Android. O DRC foi recentemente usado pela Google na sua conferência anual, a Google I/O, para demonstrar as capacidades do áudio de alta performance na plataforma Android.
O prémio para o vencedor desta edição são 25 mil euros. Caso vençam, como contam investir o dinheiro?
A Imaginando tem crescido pedra sobre pedra, tentando ao máximo evitar a ditadura do investimento. Acreditamos que mais importante do que investimento são os clientes e, felizmente, estes têm acreditado no nosso trabalho e produtos. O dinheiro do prémio será fundamental para financiar a contratação com segurança de mais um membro para a equipa, bem como para reforçar o investimento em marketing e publicidade.
O que faz falta às indústrias criativas portuguesas?
Sinceramente? Acho que não falta nada. Nunca vi tantos projectos de qualidade a emergirem. As indústrias criativas portuguesas estão melhores que nunca.
Se o vosso projecto fosse a uma entrevista de emprego e lhe perguntassem onde vai estar em 2020, o que responderiam?
Vai certamente estar onde a imaginação nos levar.