São dias de festa, de sol e até é provável que nem haja sanções de facto impostas por gente de fato. É, aliás, uma maralha que, se parasse um pouco para ouvir os novos álbuns de Crystal Castles, Gatos Negros e Roosevelt, preferiria pedir férias em Portugal e dançar em qualquer pista, entre Bragança e Albufeira, do que arregimentar argumentos de treta para penalizar quem faz pela vida.
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Confesso a minha inclinação para a electrónica com matriz rock e, por isso, espero ansiosamente pelo novo trabalho dos canadianos Crystal Castles, intitulado “Amnesty (I)”, sucessor de “III” (2012). Já se pode ouvir “Frail”, “Concrete” e “Char”, exemplos entre uma dúzia de temas agora cantados por Edith Frances, vocalista escolhida por Ethan Kath para substituir Alice Glass. Sai a 19 de Agosto e aposto que vai soar e fazer suar em qualquer pista de dança, das mais pop às alternativas.
Um salto até Madrid, para um momento de crisálida em formato digital: o “7th Life”, primeiro e último longa-duração dos Gatos Negros, que compila todas as composições deste colectivo de músicos e DJ espanhóis, anteriormente editadas em “ep”, às quais juntam alguns originais. O colectivo perde Ivan Smoka (aka Disco Felino), mantém Rock Serling e Christian C, a quem se junta Álvaro Cabana, mentor da Rotten City Records, editora sedeada na capital espanhola, e transforma-se em Dig Your Own Rave (D.Y.O.R.), o que acredito ter sido inspirado por “Dig Your Own Hole”, segundo disco de The Chemical Brothers. As sonoridades de Gatos Negros, de que são exemplo “Overdrive” ou “Vigilia”, planam pela electrónica, rock, new wave e alguma psicadélica.
Também em meados de Agosto será libertado o disco de estreia de Roosevelt, de sua graça “Colours”, projecto pessoal do alemão Marius Lauber, que tem apenas 23 anos de idade. Mas ouça-se “Fever”, “Night Moves” e o “Colours/Moving On” e estranhe-se a competência pop do jovem produtor e compositor, com sonoridades da época e cadências (beat e groove) das que impedem algum sossego no corpo.
Num registo mais rock, nota para o anúncio do 17.º álbum dos Thee Oh Sees (contando com anteriores nomenclaturas OCS e The Oh Sees), que se vai chamar “A Weird Exists”. Para ouvir, por antecipação, “Plastic Plant” e “The Axis”, duas belas amostras do bom momento da banda californiana, sempre a vaguear pelas inúmeras estéticas, influências e décadas.
Notas finais para “You Just Want”, a primeira antecipação do futuro álbum de King Creosote (“Astronaut Meets Appleman, Setembro), e “Big Cat”, que antecede o mais recente dos Wild Beasts (“Boy King”, Agosto).
Palco
Em Penafiel, sexta e sábado, a sétima edição do Festival Ignition apresenta uma série bem interessante de novos valores da música alternativa, encabeçados pelos mais “batidos” Tijuana Panthers (EUA). A saber: Three Trapped Tigers, Filho da Mãe, Mata Tigre, Ash is a Robot, Vircator, Bricolage.108, Fatnotronic, Granada, Blueberries for Chemical, Waking Aida, BALA, The Miami Flu, Desligado, Muay e Milhomes.
Na sexta, bem no centro de Oliveira de Azeméis, actuam os GNR. O concerto é gratuito e a malta liderada por Reininho é sempre uma bela companhia para noites de Verão.
Pista
Há mais “Diabo no Corpo”, sexta-feira, no Musicbox (Lisboa). Que é como quem diz, a fórmula/festa idealizada pelo DJ Tiago André (A Boy Named Sue) ganhou direito a segunda edição, esta mano-a-mano com Mário Valente e Tiago Castro.
Na mesma noite, mas em Leiria, no Praça Caffé, a sempre espantosa (o adjectivo não é à toa) selecção de Carlos Matos dispara para “Sorumbatismos e Outras Tantas Excentricidades”, enquanto sábado, no mesmo local, o troca-disquismo tem a assinatura do Peregrino. São, como sempre, dj sets para arrumar cadeiras e mesas para os cantos, que o local “pega fogo” com muita facilidade, garanto-vos. Já fui disso testemunha algumas vezes.