Dezenas de socialistas, incluindo dirigentes locais, vereadores ou antigos deputados, estão a ser nomeados para dirigir centros de emprego e órgãos da Segurança Social em todo o país.
E até aqui tudo bem, ou talvez não. Porque, afinal, qual é a diferença entre nomeação e “tacho“?
A nomeação consiste num sistema de selecção de candidatos em que a escolha é feita por um indivíduo ou grupo. Uma nomeação no Governo vai assim atribuir a uma pessoa da sua confiança política a capacidade de exercer um determinado cargo.
Já o “tacho“ refere-se ao favorecimento de parentes ou amigos próximos em detrimento de pessoas mais qualificadas.
No caso dos centros de emprego, e de acordo com o Ministério da Segurança Social, “os critérios utilizados em escolhas para cargos dirigentes são os da competência técnica, do perfil para tais funções" onde "a filiação partidária não foi nem será um desses critérios".
E é aqui que a porca torce o rabo, porque entre confiança política e filiação partidária encontramos o mesmo número de sílabas, oito, e pouca ou nenhuma diferença para além do favorecimento puro e simples de quem está onde está apenas por vestir de dada cor, neste caso uma rosa, às vezes entre os dedos de um punho fechado.
Acrescenta o Governo: “As nomeações não são definitivas, ainda tendo de passar pelo crivo da CReSAP“. Ora, e o que fazer quando Isabel Soares, Secretária da CReSAP, nos responde: “As questões que nos coloca não são da competência da CReSAP“? Se quem é nomeado é da confiança política do Governo, onde está a confiança dos cidadãos (ou “cidadões“, como dizia o outro, o do “bolo-rei“) no seu Governo, quando a entidade reguladora não regula as próprias nomeações e não cumpre as funções para as quais foi criada?
Saíram do país 700 mil
Nos últimos anos, saíram do país mais de 700 mil portugueses. Há 7 meses que, não obstante a mudança de Governo, o número de desempregados não pára de aumentar. Porquê? Porque, infelizmente, não tiveram a sorte de serem nomeados para cargos de empresas ou da administração pública e, como tal, entregues à sua sorte, ou passam fome ou saem do país.
Portanto, meus senhores, nomeações não, por favor, e tratemos os bois pelos nomes: tachos, cunhas, "jobs for the boys", nepotismo, favorecimento simples, parcialidade, dança das cadeiras. E assim como os esquimós têm muitas palavras para neve, também nós temos muitas palavras para descrever os abusos de poder de sucessivos governos PS e PSD. Abusos esses puníveis com penas de prisão, e perpetrados ininterruptamente pela classe dirigente que tomou conta deste Portugal, quase 50 anos volvidos de quando uma "velha senhora" caiu da cadeira.
De acordo com alguns biólogos, o nepotismo pode ser instintivo: ao garantirmos cargos a familiares próximos estamos a assegurar a sobrevivência dos nossos próprios genes. E, meus amigos, porque a sobrevivência é assim mesmo, instintiva, da nossa parte não esperem um perdão, nem muito menos o esquecimento: se hoje não podemos ter a vida que é nossa por direito, a vós o devemos. Por isso, preparem bem os vossos filhos, porque quando nós já cá não estivermos, outros estarão no nosso lugar.