“E afinal, quais são os poderes do Presidente da República? Na verdade a Constituição confere-lhe vários. O Chefe de Estado pode, por exemplo, dissolver o Parlamento, repito, dissolver o Parlamento, pode demitir o Governo, repito, demitir o Governo, e pode ainda promulgar e vetar leis e usar o poder da palavra“ (e isto já não interessa repetir), vai ser assim o Telejornal, ou pelo menos foi, de acordo com o Zé, “orelhas” para os amigos, na passada quarta-feira, aquando da tomada de posse de Marcelo Rebelo de Sousa, o novo Presidente da República.
E se questões houvesse sobre as razões de tantos pulinhos e socos no ar na noite das Presidenciais, o Zé desfez essas dúvidas ao enumerar, por ordem decrescente de poderio nuclear, os poderes do Presidente. Afinal, quem quer consensos quando se tem um Presidente da cor política contrária e um governo usurpador à sua mercê? Marcelo, no seu discurso de tomada de posse, quer, o Zé é que nem por isso.
Porque desde ser o Comandante Supremo das Forças Armadas, defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa, nomear o Primeiro Ministro, Presidir ao Conselho de Ministros, convocar extraordinariamente a Assembleia da República, decidir da convocação, ou não, dos referendos nacionais, entre outros, vários são de facto, os poderes do Presidente. Para o Zé, no entanto, são só quatro, sendo que os dois últimos não interessam para nada.
Porquê? Porque o Zé tem medo. Porque se este Governo está à mercê do Presidente, o Zé está à mercê do Governo, porque desde comentários homofóbicos, passando por reportagens altamente parciais sobre o povo Grego e as suas opções políticas de "extrema-esquerda, repito, extrema-esquerda", até recusar-se a reduzir o seu salário milionário de 13000 euros por mês, o Zé já fez de tudo um pouco.
Não fizesse. Tivesse sido imparcial na sua actividade jornalística, e objectivo, com consciência social e em respeito pelo interesse público, na procura da verdade ao invés da vaidade de quem se proclama como o melhor escritor Português da actualidade. Porque ao confundir o serviço público com o interesse pessoal, o Zé lançou-se numa espiral cuja morte anunciada só pode ser evitada pela acção redentora "d’el Rei Dom Sebastião", o Professor Marcelo. Mesmo se a mesma for contra a estabilidade, contra os consensos, contra os portugueses, os que estão em Portugal e o os que, todos os dias, partem, numa demonstração de egoísmo torpe onde o Zé procura manipular, no seu próprio tempo de antena, a opinião pública nesta nova e derradeira senda: a demissão do Governo, repito, a demissão do Governo, onde pouco importa que se lixem todos os outros desde que, por fim, o Zé salve a pele. E se de caminho vender mais uns livros, vão ver como agradece com este piscar de olho no fim do Telejornal.