Contra a livre violação das mulheres, marchar

Através do seu grupo online “Return of the Kings“, Daryush Valizadeh advoga a livre violação das mulheres. E nós, vamos deixar este senhor, mais todos os seus seguidores, andar?

Daryush Valizadeh DR
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Bem, e quando pensávamos já ter visto tudo, eis senão quando ficamos a saber de um certo senhor, de seu nome Daryush Valizadeh, o qual, através do seu grupo online "Return of the Kings" advoga a livre violação das mulheres, sem que daí venha mal ao mundo, pelo menos ao seu... e a partir daqui está tudo dito, por isso, porquê continuar?

Talvez porque acreditamos ter crescido num mundo onde a liberdade de um acaba onde começa a liberdade do outro: Democracia, lembram-se? Por tal, custa-me compreender como na chamada terra da Liberdade (não, não é Grândola), a América, onde este senhor reside, se tolera a disseminação de mensagens deste calibre com tanto à vontade. Rezam as crónicas ser Daryush um defensor do neomasculinismo (o que mais irão inventar?) um grupo cujo fim se centra no regresso da supremacia masculina através de uma série de ideais tão ridículos como perigosos, desde a legalização das violações em espaço privado (porque as mulheres estão mesmo a pedi-las, ou assim quer o dito senhor fazer-nos crer), onde ao homem cabe extrair o máximo de sexo possível de cada mulher, passando pela ideia de que se um casamento falha é porque a mulher foi por demais promíscua antes do mesmo, até ao fim da pílula contraceptiva, o fim do sufrágio feminino, entre outras tantas barbaridades de difícil compreensão para quem é são de mente e coração.

E tudo estaria bem não fosse o facto de Daryush ter seguidores em não menos de quarenta países, Portugal incluído (pois claro), a pontos tais de se ter proposto a realização de reuniões no passado dia seis de Fevereiro em mais de cento e sessenta e três cidades um pouco por todo o mundo. E por estas e por outras é tão importante não ignorar estas mensagens. Porque de pouco nos vale a nossa superior inteligência quando confrontados com a selvajaria de quem se rege apenas, e somente, por instintos. Porque não nos passa pela cabeça tentar dizer a um tubarão que não nos coma (já nos comeu), e contra a brutalidade marchar, marchar.

Um demente? Demente era Hitler, criou o pleno emprego numa Alemanha em cinzas em apenas três anos e as potências ocidentais deixaram-no andar apesar do “Mein kampf“, escrito tantos anos antes. E nós, vamos deixar este senhor, mais todos os seus seguidores, andar? Aparentemente não, ou não tivesse Daryush prontamente cancelado estes encontros “por questões de segurança” dadas as rápidas reacções nas ruas e nas redes sociais, incluindo alertas das polícias e a publicação da morada de Daryush pelo grupo “Anonymous“ na internet para que, democraticamente, possamos todos deixar tudo em pratos limpos.

Einstein defendia existirem apenas duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana, e do Universo não tinha a certeza. Se por um lado sou levado a concordar, ao mesmo tempo tenho de acrescentar não deixar de me surpreender com a criatividade da mesma estupidez a qual, lamentavelmente, não se cansa de inovar. Resta-me dizer, e repetir, que em momentos que eu for vivo, contra a ignorância, o sangue e a brutalidade, marchar, marchar, marchar.

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