Hidratar devidamente, comer uma banana, fazer o aquecimento adequado, adotar uma postura erecta, manter a respiração controlada e constante, adaptar o ritmo da passada ao nível de intensidade desejada, alongar os músculos e repor os níveis de proteína são alguns dos conselhos para uma corrida bem-sucedida. Isto porque os benefícios que este tipo de exercício traz para quem o pratica são sobejamente conhecidos, nomeadamente o seu contributo para o processo de emagrecimento, o facto de constituir uma óptima alternativa a alguns vícios como o do tabaco e o do álcool, de reduzir a frequência cardíaca e a pressão arterial e de, até, ser uma óptima forma de contornar o bloqueio criativo, uma vez que aumenta o fluxo de oxigénio no cérebro.
A corrida, cujos treinos requerem pouco mais do que um equipamento básico, podendo, assim, ser feitos praticamente em qualquer lugar e sob qualquer condição, liberta, ainda, endorfinas, também conhecidas como “hormonas da felicidade”, o que, entre outros, imbui os seus praticantes de uma ideia de serem capazes de fazer não importa o quê. É, pois, um desporto responsável por uma reconfortante sensação de bem-estar.
O acto de inscrição numa prova — como a corrida de São Silvestre, que ocorreu no passado dia 27 de Dezembro no Porto — é o estabelecer de um objectivo, o que motiva ainda mais cada treino. Dez quilómetros parece uma medida reduzida, acessível à maioria das pessoas, sem exigir um treino prévio intensivo. No entanto, o nosso instinto motiva-nos a superarmo-nos, a fazermos mais do que cumprir apenas o trajecto definido, a concluirmos cada corrida num tempo mais reduzido do que a anterior, a chegar um bocadinho mais à frente, a descer um pouco na tabela.
Ao cortar a meta, independentemente da classificação final, é-se invadido pelo alívio de se ter cumprido a missão e de se ter alcançado o objectivo pessoal traçado: o de participar, o de ficar abaixo de um limite máximo de tempo, o de nunca parar de correr, o de chegar uma equipa toda junta ao fim sem nunca deixar ninguém para trás.
No dia seguinte, fica a sensação satisfatória de se ter pertencido a algo maior do que nós mesmos, de se ter feito parte de um acontecimento marcante, de ter lá estado — no meio dos gritos de incentivo, das conversas muitas vezes sem sentido, das músicas e dos cartazes, e do lado de lá das máquinas fotográficas, das notícias e das barreiras de quem foi assistir. De ter dominado a cidade com as solas das sapatilhas e com o esforço do corpo. De ser, ainda que de forma anónima, um dos de quem se fala quando se referem os atletas da edição de 2015 da “São Silvestre” do Porto.