A organização Animal solicitou, em requerimento enviado ao procurador do Ministério Público de Seia, a apreensão dos cadáveres de animais do canil municipal de Seia, após serem divulgadas nas redes sociais fotografias e vídeos de cães e gatos mortos de forma aparentemente cruel. A autarquia fala em manipulação de imagens e nega as acusações.
Nas redes sociais circulam fotografias e vídeos com a informação de que os animais são alegadamente asfixiados ou afogados e guardados em arcas frigoríficas. Outros já em cadáver, empilhados junto de cães ainda vivos. “As denúncias de casos de crueldade e omissão de cuidados, quer sejam de autoria de particulares, quer de instituições do Estado - como são os canis municipais – aumentaram este ano de uma forma assustadora”, adianta Rita Silva, presidente da Animal, em comunicado
Para além da participação criminal aos serviços do Ministério Público de Seia, a organização registou num relatório, que vai ser enviado para a Comissão Europeia no início do próximo mês, provas de inacção por parte de instituições do Estado quando se está perante ameaças aos animais. A associação propôs também que os partidos políticos assumam medidas de protecção dos animais seus programas para as eleições legislativas. Também a comissão coordenadora distrital da Guarda do Bloco de Esquerda exgiu nesta terça-feira o apuramento de responsabilidades neste caso.
Como resposta ao que circula nas redes sociais, a autarquia de Seia defende que “se trata de imagens que foram objecto de manipulação e instrumentalização, com o objectivo claro de lançar na opinião pública um clima de indignação”. Num esclarecimento divulgado pelo município, lê-se que “só em última instância é que os animais que não são adoptados são abatidos para posterior incineração, de acordo com todos os procedimentos legais e veterinários, com recurso a anestesia prévia e posterior injecção intracardíaca, à luz dos normativos e enquadramento legal em vigor”.
Por sua vez, a GNR da Guarda divulgou na segunda-feira um comunicado onde esclarece que foi “imediatamente iniciada uma investigação sumária pelo Núcleo de Protecção Ambiental (Sepna) de Gouveia, que se deslocou ao local, recolheu meios de prova e ouviu responsáveis e empregados do canil”, após ter recebido uma denúncia anónima na Linha SOS Ambiente e Território.
Contactado pelo PÚBLICO, o presidente da Câmara, Carlos Filipe Camelo, explicou que o levantamento de um auto de notícia por parte da GNR é consequente de uma denúncia anónima relativamente aos maus-tratos de que o canil/gatil tem vindo a ser acusado, acrescentando que a guarda esteve presente no local no sábado e na segunda-feira de forma a “chegar a uma conclusão relativamente ao que se gerou perante a opinião pública”.
Questionado sobre a capacidade do canil/gatil, o autarca explica que é limitada "como todos os outros, mas que estão disponíveis 48 salas para a recolha dos animais abandonados”. O espaço “tem uma componente muito forte de adopção, perante a actual situação económico-financeira que se reflecte num maior abandono dos animais”, acrescenta.
A permanência mínima dos animais sem serem adoptados "está muito além dos oito dias e, em média, a permanência vai até um mês”, refere o autarca. Carlos Filipe Camelo sublinha ainda que “as leituras que cada pessoa faz ao olhar para as fotografias podem ser efectivamente diferentes” e que está disponível para prestar todos os esclarecimentos necessários para que o caso se resolva.
Texto editado por Ana Fernandes