Dezenas de cães maltratados num canil particular em Aljezur
Situação arrasta-se há meses com o conhecimento das autoridades. Câmara pede às entidades competentes que ponham cobro, com celeridade, à "horrenda situação", que "envergonha".
A situação arrasta-se há meses com o conhecimento das autoridades, que em Dezembro visitaram o local. Para esta sexta-feira está marcada nova visita.
A descrição feita na página de Facebook da associação, acompanhada de dezenas de fotografias dos animais, é impressionante: os cães, que serão utilizados para caça, estão sempre presos com um metro de corrente, ou em jaulas imundas. Muitos apresentam ferimentos e sinais evidentes de subnutrição.
“Há fêmeas a procriarem enquanto presas à corrente curta, junto de outros cães presos da mesma forma, vivendo num chão de cimento imundo”, lê-se no texto da denúncia. A mesma nota refere que, após uma primeira queixa feita há cinco meses, “seis cães foram removidos pelo veterinário municipal com o consentimento do dono, dez cães simplesmente desapareceram”. Restam 20 animais, que são alimentados por vizinhos, uma vez que “o proprietário poucas vezes vai ao local”, uma zona de mato.
A situação é do conhecimento do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (Sepna) da GNR, que em Dezembro do ano passado fez uma acção de fiscalização, depois de ter recebido uma queixa por causa do ruído provocado pelos cães. “O canil tinha irregularidades e foram levantados 28 autos por infracções diversas, que foram encaminhados para as entidades competentes, como a Direcção Geral de Veterinária de Portimão e a Junta de Freguesia de Rogil”, diz ao PÚBLICO o coronel Oliveira, director do Sepna.
Porém, olhando para as fotografias tiradas pela associação, “o caso parece mais grave agora”, admite. O Sepna recebeu nova denúncia nesta terça-feira e a delegação de Portimão já tomou conta do caso. Uma vez que não existe um médico veterinário municipal em Aljezur, terá de ser a médica da Direcção-Geral de Veterinária de Portimão a deslocar-se ao local para avaliar as condições em que vivem os animais. A visita está marcada para sexta-feira de manhã, segundo o director do Sepna.
O PÚBLICO tentou contactar a Câmara de Aljezur, sem sucesso. Numa nota publicada esta tarde na página do Facebook do município, este faz saber que teve conhecimento do caso através de denúncias feitas por telefone, email e através das redes sociais. A autarquia não tem médico veterinário “por impossibilidade contratual”, o que a impede de agir imediatamente. Garante, no entanto, que já contactou as autoridades para resolver a situação que “infelizmente se confirma e envergonha”. “Aguardamos a celeridade das competentes autoridades e tudo faremos para pôr cobro no imediato à horrenda situação”, lê-se no comunicado.
O concelho tem um canil municipal, gerido pela Associação Ecologista e Zoófila de Aljezur, que recebe da câmara mil euros por mês para garantir a alimentação e o bem-estar dos animais.
Contactado nesta quinta-feira pelo PÚBLICO, o presidente da Junta de Freguesia de Rogil, Eliezer Candeias, disse que "desconhecia o estado dos animais", do qual teve conhecimento apenas agora através das redes sociais. "A Câmara de Aljezur está ao corrente e estão a ser tomadas medidas", afirmou. Sobre o proprietário, que considera uma pessoa "séria", nunca recebeu qualquer queixa na junta, garantiu.
Notícia corrigida às 9h30 de 23/05: a associação que fez a denúncia inicialmente foi a SOS Algarve Animals. Acrescenta declarações do presidente da Junta de Freguesia de Rogil