Cate Blanchett alega que Weinstein a assediou sexualmente
Actriz australiana é a mais recente figura de Hollywood a acusar o produtor de cinema de má conduta sexual.
A actriz australiana Cate Blanchett, 48 anos, falou pela primeira vez sobre o comportamento "inapropriado" de Harvey Weinstein e, em entrevista à revista Variety, defende que este deve ser condenado e cumprir pena.
É a primeira vez que Blanchett – que vai presidir o júri do Festival de Cinema de Cannes 2018 – fala abertamente sobre as acusações contra o produtor de filmes. Weinstein "foi considerado exemplar porque, infelizmente, ele é [um exemplo] típico de certos homens", diz; acrescentando que é necessário "abrir um precedente legal" que leve à condenação do produtor pelos crimes de que é acusado, para que outras vítimas possam confiar no sistema judicial e para que seja feita justiça.
Sobre a possibilidade de Weinstein cumprir pena de prisão, Blanchett responde que espera que sim e explica que é essencial que os alegados crimes sejam julgados em tribunal e não apenas em praça pública. A justiça "é um braço da democracia realmente importante, que devemos defender porque está sob ameaça", declara citada pelo Telegraph.
Na mesma entrevista, segundo o Guardian, a actriz conta que Weinstein costumava dizer-lhe que não eram amigos porque Blanchett se recusava a fazer "o que ele pedia", explica, sem avançar outros detalhes. Questionada sobre se tinha sido vítima de assédio sexual por parte de Harvey Weinstein, a actriz responde: "Comigo, sim" –acrescentando que "como a maioria dos predadores", o produtor cinematográfico alvejava os "mais vulneráveis".
A estrela de Hollywood participou em vários filmes produzidos pela Miramax, a produtora de Harvey Weinstein, incluindo O Aviador (2004) e The Shipping News (2001). Harvey Weinstein foi já acusado de assédio sexual por mais de 70 mulheres e é, actualmente, alvo de vários processos judiciais e investigações criminais em vários países, nomeadamente nos EUA e Reino Unido. O ex-produtor nega todas as acusações de sexo não consensual.
Esta terça-feira, a actriz Ashley Judd – que foi uma das primeiras mulheres a fazer uma acusação formal contra Weinstein em Outubro de 2017 – avançou com um processo legal por difamação e assédio sexual, alegando que foi prejudicada na sua carreira por ter recusado avanços sexuais por parte do produtor de Hollywood.
Woody Allen não escapou às acusações
Em entrevista à Variety, Cate Blanchett abordou ainda a controvérsia sobre o realizador Woody Allen, que é acusado pela filha adoptiva, Dylan Farrow, de abuso sexual enquanto aquela era criança. Mais uma vez, a actriz defende que as alegações devem ser julgadas em tribunal. "Obviamente, Dylan Farrow tem vivido num mundo de dor e, se o caso não foi devidamente julgado, então precisa de ser reaberto e voltar a tribunal, porque esse é o lugar onde esses assuntos se resolvem", defende, citada pelo Guardian.
A protagonista da comédia dramática de Woody Allen Blue Jasmine (2013), foi uma das celebridades mencionadas numa carta aberta de Dylan Farrow publicada no jornal New York Times e foi criticada por permanecer em silêncio. Porém, Blanchett afirma que à data da sua colaboração com Allen não tinha conhecimento das acusações. "Eu tive um tempo muito produtivo ao trabalhar com Woody e ele escreveu alguns dos papéis mais extraordinários para as mulheres. Mas, na época que eu trabalhei com ele, eu não sabia absolutamente de nada sobre o que estava a acontecer", sublinha.
A onda de denúncias de abuso sexual em Hollywood levou à criação de vários movimentos contra o assédio sexual, como o #MeToo nas redes sociais e o projecto Time’s Up, do qual Cate Blanchett faz parte, que financia apoio legal a mulheres e homens vítimas de abuso sexual no trabalho e .
Texto editado por Bárbara Wong