Eduarda Souto Moura critica "absurdas condições de trabalho" em Portugal
"Não me assusta a emigração, assusta-me é a perda de dignidade", referiu a melhor aluna finalista da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto
A arquitecta Eduarda Souto de Moura criticou, em Esposende, as "absurdas condições de trabalho" daqueles profissionais em Portugal, aludindo, nomeadamente, à inexistência de contratos e a "salários mínimos", e exigiu respeito pela profissão. "Não me assusta a emigração, assusta-me é a perda de dignidade", referiu, após ter recebido um prémio de 2000 euros por ter sido considerada a melhor aluna finalista da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.
Eduarda Souto de Moura afirmou que os arquitectos em Portugal têm de se sujeitar "às mais absurdas condições de trabalho", exercendo a profissão sem contratos e com salários "mínimos", sublinhando que esta situação se "banalizou". "Há que ter orgulho e respeito por esta profissão", reclamou a filha de Eduardo Souto de Moura, arquitecto que em 2011 venceu o Pritzker.
O prémio de melhor aluna de Belas Artes foi atribuído a Margarida Rocha. A Câmara de Esposende premeia, anualmente, desde 2014, o melhor aluno de Arquitectura e o melhor aluno de Belas Artes da Universidade do Porto, atribuindo a cada um deles um cheque no valor de 2000 euros. Trata-se de uma espécie de "prestação" anual que a Câmara paga àquela universidade, pela compra Casa das Marinhas, em Esposende, onde viveu o arquitecto Viana de Lima. A "prestação" será paga ao longo de 30 anos, perfazendo assim um valor total de 120 mil euros.
Construída a partir de um moinho, a "Casa das Marinhas" era propriedade de Viana de Lima, que, por herança, a deixou à Universidade do Porto. Viana de Lima, em testamento, deixou escrito que queria que aquela casa fosse vendida e que o produto da venda fosse convertido em dois prémios para homenagear os filhos, que eram estudantes de pintura e de Arquitectura. "Importa destacar, desde logo, o enorme altruísmo de Viana de Lima", destacou o presidente da Câmara de Esposende. Benjamim Pereira lembrou que, após firmar o protocolo de aquisição da casa com a Universidade do Porto, a Câmara promoveu obras de beneficiação do imóvel, que se traduziram em trabalhos de pintura e cobertura e na requalificação do jardim. O edifício foi, entretanto, transformado em Casa-Museu, estando apto a receber visitas, sendo procurada especialmente por escolas de arquitetura, nacionais e estrangeiras.