Desde o séc. XXI AC, ou seja, há cerca de 4000 anos, que o Homem faz bonecos e bonecas como brinquedos para crianças; nos primórdios, no Egipto, na Grécia ou na Roma Antiga, os materiais usados eram o barro, a pedra, madeira, osso, marfim, cabedal ou a cera e, mais tarde, com a industrialização e o fabrico em série — o que terá ocorrido na Alemanha, no séc. XV —o uso da procelana tornou-se comum, tal como se tornou banal o recurso ao plástico no séc. XX.
Ao mesmo tempo que a tecnologia avançava, nomeadamente com a evolução dos semicondutores e a correspondente miniaturização dos computadores, tornou-se claro que outros objectos criados à imagem dos humanos, como os robô, iriam fazer parte da nossa vida quotidiana, tenham eles maior ou menor inteligência, capacidade cognitiva ou autonomia.
As propostas de "2001 - A Space Odissey", "Blade Runner", “Terminator”, "A.I. — Artificial Intelligence", "Bicentennial Man" ou "Her", para além de apresentarem superlativos tecnológicos, também apontam o dedo à ilusão que temos de que os computadores serão sempre subservientes na sua evolução quase natural e inevitável em termos de inteligência artificial — aquela que Stephen Hawking adverte poder tornar-se auto-suficiente e, potencialmente, causadora do fim da Humanidade. Fica claro que o HAL9000 não é diferente dos "replicants" da Tyrell Corporation, que ambos não são diferentes do Skynet ou de Samantha, pela auto-suficiência energética, cognitiva e emocional que em si mesmos encerram.
A indústria do sexo, como em tantas outras situações, ajudou a catapultar esta situação no contexto real e a panóplia de robôs com funções sexuais prova-o, estando disponível para todos os gostos e bolsos.
Se, há 100 anos, a Emília do "Sítio do Picapau Amarelo" sonhava em ser uma menina ou, antes dela, o Pinóquio almejava por ser um rapaz, hoje em dia é provável que ambos quisessem algo mais.
Os "sexbots"
A boneca de hoje, seja de trapos, plástico ou de látex, quererá certamente ser um robô, activo, inteligente e responsivo, dono da sua vida, tendo ainda a possibilidade de evoluir, de ter "upgrades" (que brinquedo ou "gadget" dos nossos dias não os tem?), de perdurar no tempo, tendo assim um grande número de vantagens do que teria fazendo parte dessa classe falível que é a Humanidade.
As previsões não são animadoras, desde que a automatização de processos tornou a presença humana dispensável em tantas situações. Há quem diga que em 2025 estes "sexbots" serão comuns, tão comum quanto o desemprego que se fará sentir à escala global.
A psicologia humana que leva os seres humanos a torná-los possíveis é sempre a mesma. Também em comum está a perda de controlo subjacente.
Enquanto já se cria arte sobre o tema do robô sexual, no Japão já há robô humanóides prontos a funcionarem como recepcionistas e, ao mesmo tempo, já se discute à escala global sobre se se deve criminalizar a violação e/ou abuso sexual de robô.
Resumindo: isto não é o cenário de um futuro próximo ou distante, é a fotografia do presente e de para onde estamos a caminhar."