Projectos de reabilitação dão novo ânimo aos arquitectos

Apesar de não existir mais investimento na construção, os projectos de reabilitação urbana "estão a animar a arquitectura e os seus profissionais", diz João Santa-Rita, presidente da OA

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Renato Cruz Santos/Arquivo

O investimento de algumas câmaras municipais do país em projectos de reabilitação de edifícios deu novo ânimo aos arquitectos em 2014, disse esta segunda-feira, 12 de Janeiro, à agência Lusa o presidente da Ordem dos Arquitectos (OA), João Santa-Rita.

O responsável falava à Lusa, quando passa um ano sobre a sua tomada de posse — a completar esta terça-feira —, depois de ter ganhado as eleições para a direcção nacional da OA, em Dezembro de 2013. Contactado sobre o balanço desse primeiro ano à frente da OA e como está actualmente a classe, que sofreu um forte impacto negativo com a crise económica, João Santa-Rita comentou que "se encontra tal como o país, que não mudou muito em 2014, nem para melhor, nem para pior".

"As circunstâncias não se alteraram muito: não há mais investimento na construção, portanto não há mais dinâmica nesta área do sector da economia, mas também sabemos que há um conjunto de programas ligados à reabilitação, que estão a animar a arquitectura e os seus profissionais", indicou.

João Santa-Rita disse que, no ano passado, algumas câmaras do país lançaram ou investiram em programas de reabilitação, como foi o caso de Lisboa, que lançou o RE9 (R de reabilitação, relativo a nove medidas), assinando um protocolo com a OA. Na área de programas de incentivo à reabilitação Urbana, a câmara de Lisboa tem ainda em estudo o RE-Habitar Lisboa, direccionado aos edifícios de privados, em locais emblemáticos da cidade, integralmente devolutos e em muito mau estado de conservação.

"A área da reabilitação tem vindo a ser mais abordada e programada do que estava há um ano, e basta ver o que se passa nos centros e periferias de algumas cidades, para perceber que carecem urgentemente de intervenção", sublinhou João Santa-Rita. Os protocolos assinados com as câmaras nesta área "permitem dar a conhecer os programas de reabilitação aos membros da Ordem e facilitam o seu acesso".

Sobre os desafios lançados pela nova direção da OA há um ano, recordou a área da internacionalização da arquitectura portuguesa, o contributo da entidade para o lançamento da Política Nacional de Arquitectura e Paisagem, que foi levado a consulta pública, e a adequação dos estatutos da Ordem à nova lei. Recordou que o ano passado ficou ainda marcado pelas várias iniciativas da OA contra projectos de lei apresentados no parlamento que, a serem aprovados, podem vir a retirar competências aos arquitectos, e que já suscitaram o lançamento de uma petição pública.

A nova direcção quer continuar a apostar — até 2016 — num maior diálogo com os associados, e uma maior aproximação à sociedade, com "mais participação nas questões da paisagem, do urbanismo e da arquitectura". João Santa-Rita sucedeu na presidência ao arquitecto João Belo Rodeia, que concluiu dois mandatos consecutivos à frente da OA, o limite estabelecido pelos estatutos.