À luz dos últimos acontecimentos, ou pela sua ausência, gerou-se um tsunami humano de protestos, vindos de novos ou revigorados defensores de causas. Que tipo de causas? Diversas. E é neste ponto que começam as barreiras, os equívocos, as discussões, a apatia, o fim do deslumbramento, os sentimentos de culpa. Defender causas requer alguma reflexão, discernimento e compreensão das questões de fundo. Não basta raspar a superfície. É um terreno movediço: paremos e respiremos. Ser solidário e empático é um estilo de vida nobre. Damos a nossa voz para os outros obterem paz. Garantimos que essa extensão de nós, viva, garantidamente, em paz. Mas carecendo de super-poderes, em caso de emergência, quem é que nos acorre?
Ora, o mundo está a arder. Ahmed. Baga. Charlie. Alpha. Bravo. Charlie. ABC. Qual o ABC dos que agem de forma voluntária, solidária e em defesa do próximo? Como agir de forma a não correr o risco de ser voluntarioso? Escolhemos as causas que queremos defender ou estas "per si" ditam se são mais ou menos defensáveis umas em relação às outras? Protejo a minha casa ou fico também de olho na do vizinho? Muitas questões. Não tendo o dom da ubiquidade, temos limitações, principalmente a nível emocional. Por outro lado, não é justificação para fecharmos os olhos perante situações que não podemos resolver. Pouco ou nada podemos solucionar, directamente. Mas todos os gestos contam. Sim, é verdade, os jornalistas “vão a todas”. É seu dever fazer circular a informação, levantar a poeira. Depois de reconhecido o terreno, o passo seguinte: "walk the talk". O seu esforço, das/dos jornalistas assim como o das organizações humanitárias no terreno, governamentais e não-governamentais, vem sempre na nossa direcção. Se eles são a infantaria, nós somos a cavalaria. Mas, "hold your horses" , não somos justiceiros nem arruaceiros, não andamos a gastar a nossa força física, mental e emocional em todas as frentes e em simultâneo. Não somos bombeiros voluntários, mas temos o curso básico de primeiros-socorros.
Falamos, gritamos, damos o murro na mesa. Acusticamente extasiante. Ressoa pela eternidade. Até à próxima causa. E sabe bem. Estudos dizem que aumenta a esperança média de vida. Porém, não podem existir sentimentos de culpa quando damos a nossa voz. Desejamo-lo rouca de tanto reclamar, mas não oca.
Por isso, isto não é uma simulação. O mundo está a arder. "Who you gonna call?" "Cause-Busters?" Não. Quem estiver de serviço, de patrulha. E, "achtung baby": não vale adormecer quando se está de vigia. Conheçam o terreno, mas não se enterrem nele e todos de uma só vez. Se não, quem nos salvará? Peso e medida. E aproveitemos a vida. Nada é garantido. As coisas acontecem de forma alucinante, a todo o momento e em locais dissemelhantes mas todos dignos de promoção e protecção. É este o ABC. Escolham bem as vossas causas e as vossas batalhas. Não queiram ganhar de “enfiada” a guerra. Alpha. Bravo. Charlie. Roger. Over and Out.