As bactérias que existem nos pelos púbicos de cada indivíduo podem ser úteis aos técnicos forenses nos casos de crimes sexuais. Como são "exclusivos" de cada pessoa é como se de uma "assinatura" se tratassem. Estas são conclusões de um estudo publicado esta terça-feira no jornal "Investigative Genetics".
"A partir do início da identificação de agressores através do ADN, os violadores passaram a usar preservativos para não serem identificados através dos seus fluidos", explica ao Ciência 2.0 Silvana Tridico, principal autora do estudo.
A investigadora da Universidade de Murdoch, na Austrália, refere que este foi "o primeiro estudo a olhar para os pelos púbicos para apurar se se conseguiam obter 'assinaturas' microbianas para futuras investigações forenses".
Os resultados são preliminares e apontam para dados para os quais, diz, "vale a pena investigar com maior pormenor". Os cientistas descobriram que a microbiota presente nestes pelos tem potencial para os investigadores forenses ao permitir distinguir homens, mulheres e indivíduos por si só, tendo em conta as bactérias presentes.
Concluíram ainda que os micróbios se podem transferir de pessoa para pessoa durante a relação sexual, informação que sugere a importância destes organismos em casos de crime. Desta forma é possível ligar o ofensor à vítima durante as análises forenses que se realizam após uma violação.
Recolha de amostras para fazer um "retrato" do ADN dos micróbios
Para obter estes resultados os cientistas conduziram um estudo com sete indivíduos – três do sexo masculino e quatro do sexo feminino, dois dos quais formavam um casal – em que se realizou a colheita inicial de amostras de pelos púbicos. Os investigadores analisaram estas amostras para formar um "retrato" do ADN a nível de comunidades microbianas. Repetiram este processo dois e cinco meses depois.
Perceberam que os pelos de cada um tinham diferentes comunidades de micróbios. Encontraram 73 variedades nos do sexo masculino e 76 nos dos indivíduos do sexo feminino.
A autora refere que o objetivo, como próximos passos, passa por fazer "mais estudos, de maior enfoque e com uma amostra mais significativa". "Se não tivermos financiamento não conseguimos prosseguir e consolidar estes resultados", adianta, salientando que "esta técnica, como qualquer outra técnica forense, precisa de ser validada para estes propósitos".