Portugueses criam o WeTruck para poupar combustível e reduzir a poluição
É um “kit” eléctrico, destina-se a veículos de carga refrigerada e pretende poupar combustível, reduzir as emissões de CO2 e diminuir os níveis de ruído. O WeTruck conquistou o segundo lugar num concurso de empreendedorismo no México e recebeu cerca de 16 mil euros como prémio
Chama-se WeTruck – Empower Trucks e pretende recuperar, produzir e armazenar energia eléctrica em veículos de carga refrigerada. O objectivo do “kit” eléctrico é poupar combustível, reduzir as emissões de CO2 e diminuir os níveis de ruído. O WeTruck foi desenvolvido por quatro jovens e ficou em segundo lugar no concurso RedEmprendia Spin2014, um evento de empreendedorismo universitário ibero-americano realizado em Outubro, no México.
Bruno Azevedo, 24 anos, Miguel Sousa, 26, Ricardo Soares, 25, e Rodrigo Pires, 24, são licenciados em Engenharia Electrotécnica pela Universidade do Porto e constituem a AddVolt, uma “start-up” criada em Junho de 2014. O WeTruck é o primeiro produto da jovem empresa e é uma solução de mobilidade eléctrica que “permite produzir, recuperar e armazenar energia eléctrica durante a operação da viatura e serve para alimentar directamente os sistemas auxiliares de camiões de carga refrigerada, tais como unidades de sistemas de refrigeração de mercadorias e elevadores trazeiros de porta”, contou Rodrigo ao P3. A ideia surgiu a partir da dissertação de Bruno Azevedo sobre recuperação de energia em veículos pesados e a partir daí formaram a equipa e criaram a “start-up”.
E como é produzida energia no veículo? “Produzimos energia através da colocação de painéis fotovoltaicos no topo do camião, recuperamos energia através de um sistema de travagem regenerativa e armazenamos essa energia produzida e recuperada no sistema de armazenamento. Toda a energia gerada é para alimentar os sistemas auxiliares do próprio veículo”, explica. A gestão do fluxo de energia é feita automaticamente pelo controlador WeTruck, uma combinação de “hardware” e “software” totalmente desenvolvida pela “start-up” e considerada no site como “o componente-chave” do produto.
O WeTruck é “portátil e não invasivo”, ou seja, pode ser colocado inicialmente, no momento de fabrico do camião, ou numa fase posterior, depois de o veículo já estar em circulação. “É colocado num camião sem fazer quaisquer tipo de alterações no veículo, não é necessário fazer cortes, nem modificações na estrutura do veículo”, garante Rodrigo. A colocação do “kit” no camião de forma não invasiva é “uma inovação” e uma das diferenças entre o WeTruck e outros “kits” do género. “Já há empresas a fazer coisas do género, por exemplo, há empresas que fazem soluções de retalho, isto é, fazem painéis fotovoltaicos nos camiões só que é para alimentar um único sistema auxiliar. Nós conseguimos alimentar vários”, acrescenta.
No concurso RedEmprendia Spin 2014 são apresentadas as melhores ideias – IDEup, e os melhores modelos de negócio – Model 2Market. O WeTruck concorreu nesta última categoria e conquistou o segundo lugar. Como prémio os quatro jovens receberam 20 mil dólares (aproximadamente 16 mil euros). “Esse dinheiro será para continuar a desenvolver o protótipo e é nisso que estamos focados”, salienta. Neste momento, a “start-up” está a finalizar o protótipo e a previsão é de que o produto esteja no mercado no início de 2016.
O WeTruck já tinha ganho a edição de 2014 do concurso de empreendedorismo IUP25K, organizado pela Universidade do Porto em parceria com o Banco Santander Totta. A equipa foi premiada com um prémio no valor de 15 mil euros e foi convidada a apresentar o seu projecto neste evento no México.
O programa Model 2Market teve 20 finalistas da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Espanha, México, Perú e Portugal. Para além do WeTruck, Portugal foi também representado pela Universidade de Coimbra, com o projecto doDOC, um processador de texto online “que formata automática e instantemente qualquer documento com apenas um clique”.