Nem tudo é mau quando perdemos as rotinas há muito instituídas de acordar antes do galo, de (tentar) arranjar lugar sem parquímetro, de correr para visitar a família que mora noutra cidade.
Num momento alegadamente menos positivo, encontram-se um sem número de pontos aliciantes, repletos de desafios. Nunca tive tanto tempo para ir ao ginásio desde que fiquei desempregada. Não que antes não tentasse tirar, pelo menos, uma hora de dois em dois dias. Mas era uma hora carregada de stress, pontuada pela obrigação, 60 minutos que não se reflectiam na balança e, muito menos, na saúde.
Agora, com todo o tempo do mundo para mim, institui como regra matinal a ida ao ginásio, numa média de quatro a cinco dias por semana. É lá que encontro os meus novos colegas de trabalho. Sim, estou numa espécie de reforma antecipada.
Às 10h, quando lá chego, há muito que eles estão nas máquinas a caminhar, a pedalar, até a correr, mas, sobretudo a comunicar e, por isso, a partilhar. Aprendo tanto com os meus “velhinhos” no ginásio. Só quem vai fazer exercício de manhã consegue compreender esta minha nova paixão. A calma, a paciência, aliadas ao compromisso diário, são mágicas.
Um exemplo. Nunca, jamais em tempo algum, imaginaria que iria adorar as aulas de zumba onde não respeito mais de 80% das músicas. Mas a diversão e, sobretudo, a simplicidade com que os meus “velhinhos” se entregam, sentem e vivem aquela aula é arrebatador. Podem não dominar nenhum dos passes, mas na sua bolha de dança apenas entram a alegria e a felicidade.
A verdade é que esta discoteca fora de horas aquece a alma e o coração numa lamechice que se arrasta pelo resto do dia, pelo resto da vida. Obrigada.