O tenor português Leonel Pinheiro protagoniza, de "forma muito diferente da tradicional", uma produção galesa da ópera "Carmen", dirigida pelo encenador Jonathan Miller, que está em digressão pelo Reino Unido até meados de Novembro.
Esta não é a primeira vez que Leonel Pinheiro interpreta a personagem de Don Jose, a qual já tinha desempenhado anteriormente, também no Reino Unido, disse à agência Lusa, mas o conhecido encenador deu-lhe uma nova dimensão.
“Sir Jonathan Miller viu a minha personagem de uma forma muito diferente da tradicional. Eu e ele passámos muito tempo a conversar sobre isso”, explicou.
Foi esta a razão, na sua opinião, que deu azo a comentários negativos na imprensa, acrescentou: “A verdade é que a maneira idealizada por ele foi muito diferente da esperada pelos críticos". As más críticas, comentou, são algo "normal" no meio do espectáculo.
"Com a nossa exposição social e mediática, é perfeitamente normal receber críticas, algumas delas negativas. Não há consequências algumas para o grupo, porque acreditamos no trabalho que fazemos. As lotações esgotadas em quase todas as casas onde actuámos e a excelente recepção por parte do público provam que não é a opinião de um crítico de jornal que vai fazer mudar algo", vincou.
"Carmen" é uma ópera composta pelo francês Georges Bizet, que se estreou em 1875, em Paris, mas esta encenação recebeu novos arranjos musicais, do compositor Stephen McNeff, e foi traduzida pelo humorista Rory Bremner.
É produzida pela Mid Wales Opera, uma companhia fundada em 1988, com o objectivo de levar óperas em digressão pelo Reino Unido, para chegar a mais público.
Leonel Pinheiro foi convidado a fazer a audição e obteve o principal papel masculino, mostrando-se satisfeito por trabalhar num projecto como este e com profissionais conhecidos como Miller e Bremner.
Natural de Braga, mas a viver e a trabalhar no Reino Unido desde 2010, o português considera "fantástica" a popularidade da música vocal no país de Gales.
“É engraçado ouvir as reacções das pessoas quando dizemos que somos cantores de ópera. Sem exagerar, oito em dez pessoas cantam ou já cantaram em coros. Até o empregado de café em Newtown, uma remota vila no Norte, me disse que, nas férias, tinha ido ver uma ópera à Arena de Verona”, saudou.