Como é que a imagem e, mais concretamente, a fotografia, conseguem atravessar fronteiras e deslocar limites entre diferentes áreas disciplinares? E como é que a arquitectura pode ser entendida de forma mais abrangente?
Estas são algumas das questões que vão a debate na conferência internacional “Na Superfície: Fotografia e Arquitetura – Atravessando Fronteiras, Deslocando Limites”. O evento realiza-se nos dias 17 e 18 de Outubro, no Auditório Fernando Távora, na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP).
Esta é já a terceira edição da conferência internacional e tem como comissário Pedro Leão Neto, coordenador do grupo de investigação CCRE – Centro de Comunicação e Representação Espacial (da FAUP) e do ciclo de seminários internacionais “Na Superfície”.
“Atravessando Fronteiras, Deslocando Limites” é a temática escolhida para esta edição. Pedro Leão Neto explicou ao P3 porquê: “Vamos ver que a imagem, a fotografia, pode ser realmente utilizada para atravessar fronteiras de áreas disciplinares: da arquitectura para a história, geografia e outros cursos de arte. Através dos projectos e da reflexão, a imagem, a fotografia, é utilizada para deslocar os limites e é o que pretendemos: demonstrar que os limites da arquitectura não são aqueles que podem ser pensados de uma forma primária, mas que se deslocam, que é possível haver convergência e criar sinergias para fazer um trabalho de construção das nossas cidades”.
Pedro Leão Neto justifica também a escolha do tema pela transposição de fronteiras geográficas, pois é uma temática que, por estar relacionada com os fenómenos das migrações, liga diferentes territórios. “Vamos ter a possibilidade de ouvir autores e ver projectos que mostram como é que as pessoas se apropriam dos espaços; como é que pessoas de outras culturas, que vivem em países que não são os seus de origem, são influenciadas e influenciam essas culturas e esses países; e como é a tradução dessa apropriação na própria arquitectura e no próprio espaço e como [esse espaço] é personalizado e vivido”, explica.
Mas porquê reflectir sobre a fotografia e a arquitectura na mesma conferência? Pedro Leão Neto esclarece que a intenção é promover uma reflexão alargada sobre a imagem e, especificamente, sobre a fotografia documental e artística, mas relacionando-a com a arquitectura. O objectivo é juntar estas duas áreas de saber, interligando-as e mostrando como o universo da arquitectura é realmente amplo. É, por isso, que a arquitectura deve ser entendida, neste contexto, de uma forma mais abrangente, como uma prática capaz de integrar diferentes dimensões. “ [A arquitectura] é uma área com um potencial muito grande para criar diferentes relações, para criar a transdisciplinaridade em volta da imagem, da fotografia, e tentamos fazer isso: alargar o conceito de arquitectura e trazer outras áreas onde a imagem está presente e é usada de uma forma significativa”, explica.
Para além de nomes internacionais portugueses, vão estar presentes na conferência três convidados do Reino Unido. “Acho que vai ser um espaço muito rico, com a oportunidade de cruzar saberes e culturas e fazer uma reflexão alargada sobre o nosso mundo actual”, adianta Pedro Leão Neto.
A conferência integra quatro painéis temáticos e combina as formas tradicionais de apresentação com os debates em mesa-redonda.
Um dos painéis é moderado pela arquitecta Susana Ventura e vai discutir a imagem como instrumento de pensamento, reflectindo a influência de vários autores como Walter Benjamin e Rolland Barthes.
Um segundo painel, moderado por Olívia Silva, directora do Mestrado em Comunicação Audiovisual da Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo (ESMAE), estará focalizado na fotografia documental e artística, mas relacionada com a arquitectura, a cidade e o território, percebendo como a fotografia documental pode ser um suporte para perceber a apropriação dos espaços. Terá como temáticas orientadoras os movimentos migratórios, explorando de que forma as pessoas se cruzam e influenciam mutuamente.
Moderado por Pedro Bandeira, docente da Escola de Arquitectura da Universidade do Minho, um terceiro painel vai debater a imagem como desígnio, instrumento de concepção, assim como pensar e simular o espaço, como um instrumento de exploração e não tanto de ilustração. O potencial do editorial será proposto num quarto painel.
Com a moderação de Pedro Leão Neto, este painel vai focalizar-se no potencial dos projectos editoriais para promover uma outra ideia sobre a arquitectura e sobre a própria imagem e a fotografia. Aqui será discutido de que forma determinadas estratégias editoriais e publicações poderão ser os veículos mais adequados para promover um novo entendimento da arquitectura.
Os interessados em participar devem inscrever-se no site da conferência internacional. A inscrição está sujeita ao pagamento de 30 euros para estudantes (em geral) e de 40 euros para o restante público.