No rescaldo das três paupérrimas exibições da França na digressão à Austrália, em Junho, o treinador dos “Bleus”, Phillipe Saint-André, apontou o dedo aos mais de 200 jogadores estrangeiros que actuam nos campeonatos franceses, considerando que os clubes do Top 14 são responsáveis por diluir o potencial talento gaulês na modalidade.
Tudo “uma treta”, pelo menos de acordo com Mourad Boudjellal, presidente do RC Toulon que viu o seu clube sagrar-se pela primeira vez campeão francês e bicampeão europeu muito graças à sua legião de estrelas estrangeiras: no XV inicial que disputou a final da Heineken Cup frente ao Saracens, havia apenas três gauleses.
Boudjellal, que apoiou a decisão de Saint-André trocar a equipa do Sul de França pela selecção francesa, mudou de discurso em relação ao técnico. “Temos de olhar para os factos. Não existem mais estrangeiros do que os que existiam há três anos atrás. O que é que mudou? Os treinadores. E eu acho que os resultados são consequência dessa mudança”, afirmou o dirigente em entrevista ao L’Equipe.
“Porquê é que os atletas franceses são bons quando jogam contra os melhores no Top 14 e porquê é que ficamos com a impressão que jogam a um nível muito inferior quando estão na selecção francesa?”, aproveitou para questionar Boudjellal. O presidente do RC Toulon foi ainda mais longe, afirmando que “não existem jovens talentos a serem preteridos por estrangeiros”, uma vez que as promessas do râguebi francês “não estão a ser bem formadas”.
“No dia em que conseguirmos rentabilizar o desenvolvimento dos nossos jogadores, essa situação vai mudar. Até lá, precisamos de fazer contratações”, concluiu o dirigente, constatando que, actualmente, fica mais barato para um clube em França apostar em jogadores já desenvolvidos do que financiar uma academia para os seus jovens.
