Londres, Brick Lane. Lá aterrou uma "nave espacial", um caixote gigante (25 metros de comprimento, 15 de largura e seis de altura) recheado de música (o palco pertenceu a Jessie Ware; na pista mandou Duke Dumont), fotografia (Tom Oxley apresentou o fenómeno "The Moving Portraits"), espectáculos (a Shanty Theatre Company à vista de todos e Miss Polly Rae só para os mais sortudos) e muitos cocktails. E esse é o segredo mais bem guardado desta história: cocktails de whisky.
Um whisky velho continua a ser um whisky velho. Mas "a tendência do mercado português, que é transversal ao mercado internacional, aponta para o decréscimo do consumo de whisky", disse ao P3 Pedro Moreira, marketing manager na Sograp Distribuição, que agencia em Portugal a Cutty Sark, que inventou o conceito Cutty Cargo para "tornar a marca relevante para o consumidor que tem escapado ao mundo do whisky".
Cutty Cargo é um mega contentor plantado numa das zonas de acção de uma capital (estaciona em Nova Iorque em Fevereiro ou Março e depois volta à Europa para visitas a Barcelona e Atenas, não estando ainda prevista uma visita a Portugal), que aí, e numa única noite, revela alguns dos seus talentos emergentes. Cutty Cargo serve também para apresentar o whisky Cutty Sark com vestes modernas. "Queremos desafiar os consumidores na casa dos 20/30 anos", sublinhou ao P3 Jason Craig, global brand controller da Cutty Sark.
Neste caixote o whisky é apresentado em forma de cocktails e ao lado do "melhor da cultura urbana". "Tudo num só tecto. É uma forma de expressão, um bar secreto e efémero, com arte e tecnologia. É um evento viral", aponta Jason Craig durante uma conversa que aconteceu poucos minutos antes da abertura do espaço Cutty Cargo. "Todos são talentos emergentes. Não queremos o 'mainstream'. Estão a aparecer, mas ainda são pequenos. E juntos vamos descobrir quem é este fotógrafo ou este DJ. Eles também são o melhor que Londres pode oferecer. Se formos ao Porto ou a Lisboa vamos apresentar um estilo diferente. O Cutty Cargo não é um circo itinerante".
Queda de 40 por cento
Nem sempre teremos Guillaume Le Dorner (líder da equipa do 69 Colebrooke Row) no shaker, mas Pedro Moreira acredita na inversão de uma tendência acentuada pelo "aumento do consumo de bebidas como gin, vodka, rum e cachaça". "O consumo de whisky nos últimos dez anos sofreu uma queda de 40 por cento, mas ainda é a maior dentro da categoria das espirituosas", conclui o marketing manager na Sograp Distribuição. "Em Portugal, o whisky tem um bom mercado apesar da crise", acrescenta Jason Craig, confiante no sucesso dos cocktails.
Os problemas neste mercado estão à vista. Por um lado "o contexto económico". Para além disso o mercado teve que se adaptar a "maiores restrições no consumo de bebidas alcoólicas" e inclusive a "restrições inerentes à lei do tabaco (para muitos foi o fim de um vício que levou ao fim de outro)". O consumo de whisky em Portugal, garante Pedro Moreira, "ainda é tradicional". Mas "há cada vez mais bares que pensam na melhor forma de se diferenciarem". A moda do "gin com pepino e frutos vermelhos" é disso um exemplo. "A moda do gin pode ser útil para este mercado. Foi uma proposta diferente de maior qualidade e de preços mais elevados. E o mundo do gin já é curto".
O P3 viajou a convite da Sogrape