Urbano Tavares Rodrigues: é urgente não esquecer

Há pessoas que passam pela nossa vida e, sem pretensão alguma, produzem em nós uma silenciosa mas profunda mudança. Urbano foi para mim uma delas

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Adriano Miranda

A morte de Urbano Tavares Rodrigues deixa um vazio imenso. É difícil dizer adeus ao professor atento, ao querido amigo. Há pessoas que passam pela nossa vida e, sem pretensão alguma, produzem em nós uma silenciosa mas profunda mudança. Urbano foi para mim uma delas. Uma figura humana inspiradora, de uma delicadeza ímpar. O seu olhar radiante emanava ternura e bondade, o seu optimismo era contagiante. Certamente não serei o único a afirmar que foi um verdadeiro privilégio ter podido contar com a sua amizade e com o seu afecto.

Porque era uma pessoa sem dúvida invulgar na sua maneira de ver o melhor dos outros, no seu modo elegante de conversar. Ao ser tão alheio à arrogância, criava facilmente à sua volta uma sensação de sincera fraternidade. Ficámos todos um pouco mais pobres com a sua partida.

Como mais uma prova da sua enorme generosidade, deixa-nos a sua extensa obra, um valioso legado. Nela estão presentes a visão apaixonada que tinha da vida e do mundo, o destemido resistente, o homem sempre disposto e disponível para os outros. Fica a obra, testemunho indelével da sua humanidade.

Nos tempos que correm, marcados por uma crescente desumanização geral, em que os direitos e os valores pelos quais tanto lutou se vêem pouco a pouco devassados, é mais vital que nunca não esquecer a sua figura de eterno lutador — essa voz ao contrário das ondas — e tomá-la como exemplo.

Urbano Tavares Rodrigues há-de estar sempre presente. Nas palavras que deixou escritas, nas memórias dos seus amigos, alunos e admiradores. Bem haja, amigo! Até sempre!

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