"do lado esquerdo", a micro-editora que gosta de tiragens únicas

“Micro-editora” de poesia criada em Coimbra apenas com obras de edições únicas

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“do lado esquerdo” é uma editora de poesia criada este ano, em Coimbra, que se foca em edições únicas, de tiragens entre 150 e 200 exemplares, e que quer dar voz aos “novos poetas portugueses”.

A “micro-editora” de Coimbra não pretende publicar livros com “1.000 ou 5.000 exemplares, apenas edições únicas, porque é melhor os livros terem donos”, do que ficarem “parados num armazém”, explicou à agência Lusa Maria Sousa, co-fundadora da editora, afirmando que querem “apostar naquilo que deve ser lido e não naquilo que se sabe que vende”.

Maria Sousa e Nuno Abrantes decidiram criar a “do lado esquerdo” em Janeiro de 2013, no seguimento da publicação da revista digital “a sul de nenhum norte”, fundada em 2011, por onde passaram nomes como o escritor espanhol Enrique Vila-Matas ou a poetisa portuguesa Maria do Rosário Pedreira. “Também publicámos muitos autores novos nessa revista e foi por causa desses autores novos que decidimos criar a editora”, contou Maria Sousa, que reparou, na altura, que “muitos desses autores” não eram editados.

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Maria Sousa e Nuno Abrantes, que vive no Fundão mas estudou em Coimbra, dividem todas as tarefas inerentes à publicação dos livros, desde “a tradução, a paginação, a distribuição, o contacto com os autores”. Apenas não imprimem as obras.

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Até ao momento, a “do lado esquerdo” já editou três livros e, em Setembro, conta publicar uma “mixtape” de poesia, “uma antologia, mas que foge a esse ‘cliché’”, em que convidaram 20 poetas, três dos quais brasileiros, para escreverem um poema inspirado numa música, com escolhas onde perfilam nomes como Tom Waits, Nick Cave ou António Variações.

Ainda no presente ano, a “do lado esquerdo”, espera editar a poetisa argentina Maria Teresa Andruetto e o poeta americano Hal Sirowitz.

Maria Sousa constatou que “o mundo da poesia é muito pequenino”, “talvez até menos de 300 leitores no país”, considerando que “as pessoas têm medo da poesia” em Portugal. “Na escola, os alunos veem tudo dissecado, sem depois aprenderem a sentir a poesia”, frisou a editora de 44 anos.

“As grandes editoras estão-se a marimbar para a poesia”, afirmou Maria Sousa, justificando que o nome da editora, inspirado num poema de Carlos de Oliveira, foi escolhido porque “é do lado esquerdo que está tudo, é do lado esquerdo que está o coração”.