A empresa municipal Porto Lazer considera que os artistas que retiraram uma exposição do projecto 1.ª Avenida, criticando a abertura da sede de candidatura de Rui Moreira no edifício Axa, tomaram uma “posição política”.
Em comunicado divulgado na quinta-feira, a Porto Lazer considera que a “posição assumida pelos artistas em questão inclui argumentos descontextualizados do espírito do Edifício AXA, sede do projecto 1.ª Avenida, e não sede de qualquer candidatura autárquica”.
Para a empresa municipal, que dinamiza aquele projecto artístico na avenida dos Aliados, os argumentos dos artistas só podem ser interpretados “como uma tomada de posição política por parte desses artistas, e não como uma tomada de posição face ao projecto em si”.
"Falta de respeito" para com artistas
A exposição “Uma questão de género” foi desmontada por decisão da curadora Raquel Guerra, que declarou à Lusa considerar que existirem “problemas de produção e uma total falta de respeito por parte da Porto Lazer” para com os artistas.
Os artistas mostram-se solidários com a decisão da curadora e afirmam, em comunicado, “a sua recusa absoluta em coabitar no edifício AXA com a sede de campanha da candidatura autárquica de Rui Moreira”, que consideraram “contaminante da identidade das propostas artísticas”.
A sede da candidatura de Rui Moreira à Câmara do Porto abriu no dia 4 de Maio, num espaço no rés-do-chão do edifício Axa, onde também existe uma agência de viagens. A inauguração deu-se depois da abertura do projecto “1ª Avenida” que ocupa pisos superiores do edifício.
Sobre a questão dos problemas de produção, a Porto Lazer, “partindo do pressuposto que se possam ter verificado factos que tenham afectado o trabalho artístico desenvolvido”, afirma estar a “estudar acertos na equipa afecta ao projecto com responsabilidades de programação e de produção”.
Para a Porto Lazer, “um projecto aberto” como o “1ª Avenida”, comportará sempre “um risco suplementar de instabilidade na programação e na produção” que espera ultrapassar “depois desta fase inicial de arranque”.
Rita Castro Neves, uma das artistas, afirmou à Lusa que os que trabalham gratuitamente neste projecto encontraram “condições de produção muito difíceis e até desrespeitadoras dos artistas”. Mas a “gota de água” foi “chegar e ver que a sede de campanha se encontra no mesmo edifício”.
“Não queremos participar desta campanha, não queremos que sejam tirados benefícios ou capitalizados na área da cultura quando, na realidade, o que nós vemos na nossa cidade é que ela está esvaziada nos últimos oito anos de governação pelo Rui Rio, que apoia este candidato”, afirmou Rita Castro Neves.
A artista afirmou ainda que a vontade de participar se deveu à experiência positiva que fora o projecto Manobras, também promovido pela Porto Lazer com fundos comunitários, e pelo “grande respeito dos artistas pelo comissário do projecto o José Maia” com quem já haviam trabalhado anteriormente.