Provavelmente não existe outro espaço verde em Portugal que represente tanto para uma cidade como o Parque da Cidade do Porto.
Da autoria do arquiteto paisagista Sidónio Pardal, é o maior parque urbano do país e dos poucos a nível mundial que se estendem até à frente marítima.
Com traços de naturalismo inglês e influenciado por outros parques europeus, o Parque da cidade, que celebra este ano 20 anos desde a sua abertura ao público, é uma das mais notáveis obras do século XX em Portugal.
A concepção do Parque é fascinante e muito bem pensada a vários níveis. A modelação do terreno pensada pelo arquiteto, para além de funcionar visualmente, garante uma apropriada retenção da água das chuvas. A vegetação escolhida foi feita com extremo cuidado para cada zona do Parque e respeitando elementos como a exposição solar, os ventos marítimos e o crescimento das espécies. Os 4 lagos existentes, para além de servir de habitat a várias espécies de aves, são abastecidos de forma natural, e a sua água é usada para a rega de todo o Parque. Nas silvas e bosquetes espalhados um pouco por todo o espaço, escondem-se coelhos e répteis, permitindo um aumento da sua biodiversidade. Mas o mais bem pensado é sem dúvida a barreira de vegetação que existe no limite Sul do Parque, ao longo da Avenida da Boavista, que possibilita um total isolamento sonoro e visual desta artéria da cidade.
Lembro-me da inauguração do Parque em 1993 ainda com árvores não muito maiores do que eu. Lembro-me dos bons momentos da minha infância e adolescência passados no Parque da cidade e do fascínio que sentia quando, em certos lugares no meio do parque, não via uma única casa, fazendo-me sentir que estava no meio de uma qualquer floresta.
Ainda hoje, é extraordinário pensar que existe um espaço destes, ao lado de uma das avenidas mais movimentadas do Porto, em que podemos, por uns momentos, abstrair-nos do facto de estarmos no meio da cidade.
A natureza do Parque, assim como o núcleo rural e os elementos de pedra conferem-lhe um sentimento de ruralidade, fazendo crescer ainda mais esta sensação de não estarmos num meio urbano.
Sempre vi o Parque da cidade assim, como uma espécie de refúgio natural ou de escape à rotina citadina. Talvez um recurso para aqueles momentos em que queremos fugir da cidade e não podemos. Trazemos connosco a bicicleta, as sapatilhas ou o iPod e ligamo-nos à natureza durante o tempo que for preciso.
Acho que é isso, no fundo, que torna o Parque tão importante. Para além de tudo o que tem para oferecer, este “pulmão da cidade” traz a tranquilidade e calma inerente a um encontro com a natureza, e talvez num sentido mais filosófico, connosco mesmos.
É fundamental e ao mesmo tempo extraordionária a importância que o Parque da cidade tem na vida da cidade do Porto e dos seus habitantes.
Praticar desporto, conviver, andar de bicicleta, correr, caminhar, fazer piqueniques de domingo com a família ou simplesmente fugir à cidade, o Parque da cidade dá para tudo. É omnipotente e presente na vida de todos os portuenses de uma maneira ou de outra.