A ideia nasceu por acaso, entre amigos. “E se fizéssemos um festival de poesia?”, recorda Sandra Cruz, de 39 anos, do colectivo de fotografia Pescada nº5 — “essa mesmo como a que se compra na peixaria” — quando questionada sobre a origem do Mal Dito — Festival de Poesia em Coimbra, que se realiza de 21 a 24 de Março, em Coimbra.

Ao longo dos quatro dias estão previstas diversas intervenções na cidade, entre as quais encontros, tertúlias e, claro, muitas declamações. Em comum, os 11 membros da organização, com idades compreendidas entre os 28 e os “60 e poucos” anos, partilham a crença de que, quando falamos deste género literário, a palavra dita se sobrepõe à escrita.

Festival itinerante

Desde o Jardim da Sereia à Casa da Escrita, passando pelo Largo do Marquês e pelo Jardim Botânico, esta iniciativa pretende chegar a todos os amantes da poesia. “Não é um festival preconceituoso” e o programa é “muito abrangente”, diz a mentora ao P3.

A primeira sessão está marcada para as 10h do dia 21 de Março, em que alunos da Escola de Teatro do Colégio São Teotónio estão incumbidos de dizer poemas nas estações de comboios Coimbra A e Coimbra B: “Olhe, desculpe, vai para a Figueira da Foz? Se não se importa, leva este poema consigo”. E recitam àquela pessoa. E depois a outra. E assim sucessivamente.

A última acção do programa (em pdf) acontece às 16h de domingo, dia 24, no Parque Verde do Mondego, com a largada de poemas no rio.

Uma segunda edição do Mal Dito é uma hipótese que não descartam, ainda que neste momento seja incomportável assumirem os custos que o festival exige fora da cidade onde moram e trabalham. “Mas é sempre uma hipótese em aberto”, garante Sandra. “É por isso que não é o Festival de Poesia de Coimbra, mas em Coimbra”.