Bill Cosby condenado por abuso sexual
Esta é a primeira condenação de uma celebridade após o movimento #MeToo. Para já, Cosby evita a prisão.
O comediante Bill Cosby foi condenado nesta quinta-feira por ter drogado e abusado sexualmente de Andrea Constand, uma antiga funcionária da Universidade Temple, em 2004. O comediante norte-americano, actualmente com 80 anos, garantia que o sexo entre ambos foi consentido. O veredicto chegou ao final de 14 horas e resulta de uma decisão do júri, formado por sete homens e cinco mulheres. Para já, Bill Cosby irá ficar em liberdade até que seja definida uma sentença. A pena máxima que poderá ser aplicada oscila entre os 15 e os 30 anos, escreve o Guardian.
Cosby foi considerado culpado de três crimes de assédio agravado. A acusação inclui: “penetração nos genitais da vítima com uma parte do seu corpo sem consentimento”, “penetração da vítima sem consentimento enquanto ela estava inconsciente” e administração de “drogas, intoxicantes e outros meios com o propósito de prevenir resistência”.
A antiga colaboradora da equipa feminina de basquetebol de Temple é uma das cerca de 50 mulheres que vieram a público acusar Cosby, que, asseguram, terá recorrido ao mesmo método para agredir sexualmente as suas vítimas durante 40 anos. A acusação de Constand, no entanto, foi a única que deu origem a um processo criminal, até porque muitos dos crimes que este comediante foi acusado de cometer já prescreveram (na Pensilvânia, estado em que decorre o julgamento, 12 anos é, neste tipo de crime, o limite).
O novo julgamento arrancou no início de Abril nos arredores de Filadélfia, depois de o primeiro, em Junho, ter sido anulado porque o júri não chegou a um veredicto unânime, após seis dias de depoimentos e 52 horas de deliberações. Depois deste segundo arranque foi relevado pelos procuradores que em 2006 Cosby teria pago 3,4 milhões de dólares pelo silêncio de Andrea Constand, actualmente com 44 anos.
"Estou muito grata que o júri tenha conseguido ver para além das mentiras dos seus advogados. Espero que a longa lista de vítimas consiga encontrar algum tipo de paz", citou a advogada de Andrea Constand, à saída do tribunal. "O movimento #MeToo chegou, está bem e vive neste condado e neste país", acrescentou. "Bill Cosby, tenho três palavras para si: culpado, culpado, culpado", concluiu.
"É uma vitória não apenas para as 62 pessoas que denunciaram [Bill Cosby], mas para todos os sobreviventes de abusos sexuais, mulheres e homens", apontou Lily Bernard, uma das mulheres que acusam o entertainer, e que esteve também presente em tribunal a assistir ao julgamento no condado de Montgomery, na Pensilvânia.
Esta é a primeira condenação de uma celebridade após a globalização do #MeToo, um movimento que veio denunciar uma série de abusos sexuais que nos últimos anos se esconderam em Hollywood, protagonizados por figuras de poder. O movimento acabou por desencadear denúncias em diversas indústrias.