A ideia não é de agora: aliás, já em Julho falávamos dela. Entretanto, muita coisa aconteceu às gomas sem açúcar dos microbiólogos Silvino Henriques e Filipa Rocha.
A Nutrally, empresa incubada na Universidade Católica do Porto, está agora a dar os primeiros passos. O projecto amadureceu, ganhou forma e recorreu ao "crowdfunding. Pediam cinco mil e um euros e conseguiram cinco mil e dez. No mês passado, até já "saldaram as dívidas" com os 91 apoiantes — com gomas saudáveis, claro.
Agora, até já conseguiram um parceiro, na indústria para comercializar o produto. O problema é que este parceiro não é português, já que "em Portugal não existe produção de gomas" e ainda é difícil entrar em acordo com as fábricas de doces portuguesas, conta Silvino.
A página online já está activa há um mês e permite saciar os mais curiosos. Há gomas sem açúcar, vegetarianas e antioxidantes — todas vitaminadas e com o mínimo de calorias mas o máximo sabor, garantem. As embalagens custam cinco euros, individualmente, mas podem chegar aos 3,50 euros em pedidos colectivos. O feedback tem sido positivo e toda a gente quer saber se o produto "sabe a goma ou não". E Silvino garante: sabe.
Aprender a ser empreendedor
O preço é, no entanto, uma desvantagem. O facto de o parceiro não ser português faz com que "a mão-de-obra seja mais cara", acabando por "envolver uma série de custos que não permitem que o produto seja mais barato", explica Silvino. "Ainda assim, para poder negociar melhor e convencer outra empresa a fazer parceria de produção connosco, temos de ter presença de mercado. Queremos que essas empresas nacionais que já sinalizamos olhem para nós como uma marca que vende 'xis' toneladas por ano e não apenas como uma ideia que não se sabe se vai vender ou não."
Mas o investigador deixa um alerta: hoje em dia, por mais apoios que se tenha, têm de ser as próprias pessoas a "dar à perna" para concretizar uma ideia. "Ninguém vai negociar por nós ou fazer as coisas por nós e também fomos aprendendo isso: a lutar e a ser verdadeiros empreendedores", conta. Quanto ao futuro do negócio, não faz grandes previsões, mas garante que "se não der prejuízo, está óptimo". Agora, tudo vai depender "do que se pode ou não fazer deste produto, dentro da Europa ou até fora dela".
O próximo passo já sabem qual é: fazer das gomas "muito mais do que um simples doce". Querem apostar em bifidus activos e em funcionalidades específicas, como as já existentes antioxidantes.