Investigação: gomas sem açúcar e ricas em vitaminas e minerais
Dois jovens investigadores da Universidade Católica do Porto estão a desenvolver gomas sem açúcar e com menos calorias. Objectivo é torná-las mais saudáveis
Silvino Henriques, 25 anos, e Filipa Rocha, de 26, tiveram uma ideia diferente: porque não dar uma outra utilidade à goma que não a recreativa e torná-la funcional e mais saudável sem deixar de ser apelativa aos olhos do consumidor?
A vontade de ter um projecto próprio foi uma das motivações destes jovens que se lembraram das gomas, por serem "um alimento muito simpático que todas as pessoas gostam", para o desenvolver através dos conhecimentos que adquiriram na faculdade, segundo contou ao Ciência 2.0, Silvino Henriques. O objectivo é criar gomas saudáveis e transformá-las em alimentos funcionais, ou seja, ricos em vitaminas e minerais.
Partindo desse objectivo, um dos primeiros passos do projecto, que arrancou em Outubro de 2011, foi melhorar o perfil nutricional. Com a colaboração pontual de colegas, nomeadamente da área da nutrição, criou-se uma identidade nova para estes doces. “O que fizemos foi agarrar numa formulação básica e tentar alterá-la e modificá-la em benefício das pessoas”, explicou Silvino Henriques, mestre em microbiologia pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto.
Adoçante natural
Através da colocação de um adoçante natural substituiu-se o açúcar, diminuindo, assim, o número de calorias e o índice glicémico. "Estas gomas têm também polióis, com propriedades tecnológicas semelhantes aos "açúcares simples" como a sacarose, mas com menos calorias".
A esta subtração, pretendem incluir ingredientes funcionais, como, por exemplo, fibras que ajudam na digestão e elementos probióticos. Tratam-se de bactérias saudáveis e úteis ao nosso corpo.
Os Lactobacillus, como o L.casei e os Bifidus são dois exemplos que podem fazer parte da constituição destes alimentos. O benefício destes micróbios unicelulares está no facto de terem sido isolados a partir da flora intestinal de pessoas saudáveis. De momento, os jovens terminaram uma fase inicial de testes às formulações realizadas.
Mais caras
"Chegamos a fazer alguns "focus groups", quer para análise sensorial, quer para detetar tendências de consumo", pormenorizou Silvino Henriques. Questionado pelo Ciência 2.0 acerca da segurança alimentar em relação às gomas criadas, o empreendedor revela que vai depender das características que estas irão adquirir.
Contudo, explica que em termos de prazo de validade contam ter "mais de 12 meses de estabilidade". Pelo facto de serem gomas produzidas de forma diferente e com ingredientes mais caros, o preço também ele muda, passando de 1 euro, que é quanto podem custar aproximadamente 100 gramas de gomas, para valore à volta dos 5 ou 7 euros, pela mesma quantidade.
"O maior problema nestes produtos tem a ver com a percepção das pessoas. Normalmente quando é dito que um produto é sem açúcar é muito associado à questão diatética e como tendo piores características. Mas quando se retiram as marcas, não se consegue fazer a distinção", conta o microbiólogo.
Apesar de ainda não terem contratos fechados, Silvino Henriques refere que o ideal seria entrarem no mercado até ao final do ano. Nos próximos tempos, os jovens querem continuar na mesma lingua de investigação e criar uma gama de produtos.