No rescaldo do debate do Orçamento de Estado 2013, acompanhado de e por fora, observo que muitas das personagens da política portuguesa, além de estarem numa espiral de propostas irresponsáveis, ainda não perceberam as escolhas que eles antes, e o povo depois, deve fazer para aceitar ou não os sacrifícios impostos
A grande verdade é que a resposta a esta crise tem de ser dada a partir de Berlim, e de Bruxelas e Estrasburgo, e os partidos políticos portugueses têm de assumir rapidamente e com as consequências políticas que daí advém, a sua posição, a favor ou não, de uma moeda única, de uma Europa unida, ou de um regresso ao passado.
A escolha, essa, é se queremos o euro com todas as suas vantagens e desvantagens, mesmo sabendo que inicialmente não foi conduzido da melhor forma, e que a Europa não era uma zona monetária óptima (zona com certo tipo de características económicas que permite a união monetária). É preciso por isso compreender o seguinte, existem três tipos de políticas económicas: monetária (com mecanismo através essencialmente da taxa de juro), cambial e orçamental. As duas primeiras estão controladas pelo BCE, sobra por isso, e para fazer face a choques e crises, dentro dos países, a política orçamental e daí todo o reboliço à volta da despesa, e daquilo que é a autorização dessa despesa, o orçamento.
A política orçamental tem desde já alguns problemas para fazer face a estes choques, primeiro desde logo o seu desfasamento quanto à altura de tomada de decisão e a receção do resultado dessa decisão, e depois, porque mexe diretamente com a despesa e receita do Estado, e por ser, para o cidadão comum bem mais fácil de perceber do que uma alteração da taxa de juro ou câmbio, e assim, de mais fácil mediatização e uso na arena política, ou seja, com maior influência em processos eleitorais.
Numa moeda única, temos de perceber, que esta política orçamental que uns países efectuam tem consequências nos outros, e daí a importância que esses outros dão à aprovação ou não, de um orçamento de estado. E é por isto também, que teremos futuramente de optar, se deixamos ou não esta política orçamental ser ainda mais controlada a partir de Bruxelas, com os efeitos sabidos para a soberania, ou se, deixamos cair o euro porque o meio-termo entre estes, não funciona como se vê, e criará mais crises em menos espaço de tempo.
É esta escolha que temos de fazer, e informar a população sobre a mesma (um referendo!), se prefere o euro, ou sair deste com as consequências mais que sabidas de uma saída, desde o aumento da dívida, ao problema de comércio internacional que nos traria, por conseguinte de oferta interna de produtos essenciais, entre outros.
Ao mesmo tempo, tem de ser feita uma reflexão e reforma institucional na Europa, quer nos níveis de representatividade, quer alterações substanciais naquilo que é a condução da política económica na Europa.