Rosa grava áudio-livros para espalhar a paixão pela literatura

É possível escolher que obra transformar em áudio-livro. Rosa Azevedo, responsável pelo projecto, procura mais voluntários para a ajudarem a fazer livros por encomenda

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Rosa Azevedo quer gravar os livros que as pessoas gostariam de ter em áudio DR

Um livro fascina Rosa Azevedo por várias razões, mas a principal é poder conhecer algo novo. Querendo que todos possam sentir o que a jovem sente quando lê, Rosa Azevedo vai emprestar a voz e gravar áudio-livros, mas também vai gravar mensagens pessoais que dão prazer ler. E vai fazer isso de forma voluntária.

 

Com 29 anos, Rosa Azevedo é licenciada em Literatura, mas trabalha na área de comunicação da Ordem dos Arquitectos. "Não tem muito a ver", comenta a jovem. Mas não é por causa disso que se distancia da literatura. "Tenho uma ligação, sobretudo, com os livros. É uma área em que tento apostar mesmo fora do meu trabalho."

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Jovem procura voluntários que a ajudem a concretizar a sua ideia DR

 

A história da paixão de Rosa Azevedo pelos livros tem muitos capítulos, mas a jovem conta ao P3 que o que mais a fascina numa obra literária é "a ideia de conhecer outras realidades". "Conhecer histórias que não são as nossas, pessoas, sítios onde nunca fomos", revela.

 

Um dos seus maiores medos era perder essa descoberta que faz nas páginas de uma obra. "Comecei a pensar que se me dissessem 'não podes voltar a fazer isto', a pior coisa era não poder ler, não ter alternativas".

 

E Rosa Azevedo já contactou com crianças que não tinham, de facto, alternativas. O primeiro emprego depois de concluída a licenciatura foi no Ministério da Educação, a ler para crianças cegas, amblíopes ou com visão reduzida. "Naquela altura, era mais nova e achava que o trabalho não seria interessante", confessa Rosa Azevedo. Uma ideia que mudou completamente: "Na verdade, até hoje, tive poucos trabalhos que fizessem tanto sentido como esse!"

 

Explicar a importância de um livro e receber um áudio-livro em troca

Querendo continuar a ser uma alternativa para quem não pode ler, a jovem decidiu, agora, iniciar um projecto que consiste na gravação de áudio-livros.

 

Mas Rosa Azevedo não vai gravar qualquer livro; vai gravar os livros escolhidos pelas pessoas. "Quando eu digo que não me imagino a não ler, também não me imagino a não ler os livros que eu quero”, explica. Considerando que a oferta de áudio-livros em Portugal é reduzida, a responsável optou por gravar obras por encomenda, referindo que “a ideia é que as pessoas possam escolher, exactamente, o livro que querem".

 

E como as palavras podem ser especiais, quer seja num livro ou apenas numa mensagem, o pedido pode ficar-se pela gravação de um excerto da obra literária para dedicatória, por exemplo. "É pessoal", realça a jovem.

 

A vontade de Rosa Azevedo em democratizar este serviço foi além da possibilidade de se escolher o que gravar. Sem quaisquer custos para o cliente, todo o trabalho realizado é voluntário.

 

"Se se pagasse por um trabalho destes, teria de se pagar muito bem, porque são muitas horas de leitura de um livro com 400 páginas, por exemplo", salienta Rosa Azevedo. Um livro por encomenda por um preço elevado "tornava o projecto elitista", deixando de ser a alternativa que a responsável queria. "Existirá algumas despesas, como a compra de CD's", admite. "Mas serão coisas muito simples."

 

Assim, quem quiser um áudio-livro precisa, apenas, de se candidatar. Apesar de o projecto estar no início, já são muitos os pedidos, por isso, os interessados devem explicar a razão pela qual querem um determinado livro em áudio. E a jovem pede para se centrarem, apenas, no livro. "Prefiro que não falem das pessoas. Não queria fazer disto uma competição de problemas pessoais", esclarece.

 

Procuram-se voluntários

Esta iniciativa está, agora, a começar e o próprio nome está em fase de estudo. "Ainda nenhum nome me convenceu", confessa Rosa Azevedo.

 

Mas para avançar é necessário mais do que um nome: são precisos voluntários. Rosa Azevedo está à procura de leitores, mas sobretudo de técnicos para a acompanhar de forma gratuita. "Já tenho dezenas de voluntários para ler e gravar", revela, com alguma surpresa. "Mas gostava de ter mais técnicos", lamenta, referindo que "o perfeito seria um técnico fazer um áudio-livro", não sobrecarregando nenhum voluntário.

 

Além do técnico de som, Rosa Azevedo também procura um profissional que fique responsável pela criação de um site para o projecto, onde os áudio-livros já gravados sejam disponibilizados.

 

Quanto às obras que vai poder gravar, a responsável está a tentar não pensar nos livros que gostava de ler. "Qualquer livro que leia vai ser um prazer", garante.

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