Associações lançam petição pública para alterar regime de bolsas
Petição pública lançada por associações académicas visa alterar o regime de atribuição de bolsas. Pedem, por exemplo, que cálculo da bolsa para este ano lectivo seja sobre os rendimentos de 2012
Associações de estudantes do ensino superior vão lançar uma petição pública a solicitar à Assembleia da República a alteração do regime de atribuição de bolsas, que impede a candidatura a quem tem dívidas ao Estado.
O vice-presidente da Associação Académica de Coimbra, Samuel Vilela, referiu este domingo à agência Lusa que “não faz qualquer sentido” que a bolsa seja considerada uma prestação social em vez de um complemento à formação. As conclusões do Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA), que terminou domingo de madrugada em Coimbra, realçam que o actual regulamento não permite atribuir bolsa a estudantes que, apesar de carenciados, pertençam a um agregado familiar com dívidas contributivas e tributárias.
Igualmente ao nível da Acção Social, as 41 associações que estiveram reunidas no ENDA manifestaram “uma grande preocupação" com o impacto que as novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo terão na atribuição da bolsa de estudo. Os responsáveis reclamam que o cálculo da bolsa se baseie no rendimento do agregado familiar no momento de avaliação da candidatura e não no auferido no ano civil anterior, ou seja, querem que o cálculo da bolsa para este ano lectivo seja sobre os rendimentos de 2012 e não os de 2011.
Samuel Vilela explicou que os estudantes pretendem também ver recalculada a bolsa em Janeiro de 2013, quando entrarem em vigor as novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo na sexta-feira. As associações académicas apelaram ainda às instituições do ensino superior para que não impeçam a matrícula, nem a realização de exames, aos estudantes com propinas em atraso.
Lei especial para trabalhadores-estudantes
Outra das pretensões é que seja negociado um plano de pagamentos da dívida e que, se no final do curso ainda não estiver saldada, a emissão dos títulos académicos só aconteça depois da cobrança integral, explicou o dirigente de Coimbra. O ENDA reclama ainda, nas suas conclusões, uma lei especial para os trabalhadores-estudantes e a retirada do regime do âmbito do Código do Trabalho. Sobre o emprego, as associações manifestam preocupação sobre a crescente emigração de jovens e alertam para a necessidade de em Portugal se criar “um mecanismo de contacto cultural e social entre quem imigra e o país”.
O Encontro Nacional de Direcções Associativas (ENDA) iniciou-se no passado dia 6. A próxima reunião, que deverá decorrer dentro de seis meses, ficou marcada para a Universidade do Minho.
O primeiro-ministro, Passos Coelho, anunciou na sexta-feira um aumento de 11 para 18% da contribuição para a Segurança Social dos trabalhadores dos sectores público e privado e a redução de 23,75% para 18% da contribuição das empresas. Com as novas medidas de austeridade os funcionários públicos continuam a perder o equivalente ao subsídio de natal e de férias, cuja suspensão tinha sido considerada inconstitucional pelo Tribunal Constitucional. Para os funcionários do sector privado, o aumento da comparticipação para a Segurança Social equivalerá à perda de um salário por ano. Os pensionistas continuaram sem subsídios de Natal e férias.