Commodore 64, amor à primeira vista

O C64 comemora 30 anos. Um, dois, três, diga lá outra vez: Comando, Boulderdash, Pitstop, Manic Miner, Turrican, Arkanoid, Bubble Bobble, Rainbow Islands, Barbarian, Shinobi...

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Jack Tramiel. Jack Tramiel faleceu no passado mês de Abril, quatro meses antes de o Commodore 64 completar 30 anos — e foi o Commodore 64, o pretexto desta crónica, que me levou às páginas da Wikipedia, onde dei de caras com esta triste notícia.

Conta a Wikipedia que a sua família, polaca, foi levada pelos alemães para um gueto em Lodz e mais tarde conduzida para Auschwitz. Tramiel foi libertado em 1945 pelos aliados. Conta ainda que dois anos depois emigrou para os Estados Unidos, tendo-se alistado no exército, onde aprendeu a reparar máquinas de escrever.

Para a sua marca, Tramiel queria um nome militar. Como “Admiral” e “General” já estavam tomados, contentou-se com Commodore. Commodore Portable Typewriter.

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O Commodore 64 faz esta semana 30 anos. Fiquei tentado a escrever sobre o nosso primeiro encontro. Estava pousado no chão da casa do meu primo Zezé (o do trial), que me explicou como funcionava o Comando (e este link do YouTube ajudará a justificar o amor à primeira vista).

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Quando o Zezé se fartou de afinar o azimute — o complexo sistema de engenharia envolvia uma cassete, uma chave de fendas e alguns riscos feitos com marcadores no leitor de cassetes mais ficção científica de todos os tempos —, os meus pais compraram o “computador pessoal que até servia como processador de texto” e eu recebi o computador de jogos que só servia para jogar.

Comando. Um, dois, três, diga lá outra vez: Comando, Boulderdash, Ghosts & Goblins, Pitstop, Manic Miner, Turrican (este devia ter sido o primeiro da lista), Arkanoid, Bubble Bobble (este é que devia ter sido o primeiro da lista), Rainbow Islands — e uma pausa para ir ao Centro Comercial Dallas, no Porto, comprar o Bomb Jack, com música de Jean-Michel Jarre —, Barbarian, Shinobi...

Ao contrário da Apple e da IBM, Jack Tramiel apregoava um “computador para as massas, não para as classes”. Nos seus 12 anos de vida, o Commodore 64 vendeu mais de 17 milhões de unidades, transformando-se no computador pessoal mais vendido de todos os tempos, um recorde que dificilmente será batido nos nossos dias dada a invasão de tablets e de smart-coisas no mercado.

Desfiz-me do meu Commodore 64 quando soube da existência de um computador de disquetes, processo que dispensava azimutes, cassetes copiadas no rádio gravador e idas ao Porto de comboio.

Chamava-se Commodore Amiga. Da família Jack Tramiel.

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