Matosinhos obteve empréstimo para Casa de Chá da Boa Nova

Monumento da autoria de Siza Vieira apresenta sinais de degradação. Obras devem começar ainda este ano

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Casa de Chá da Boa Nova é uma obra de Siza Vieira Paulo Pimenta

Não constava da agenda inicial, mas o executivo da Câmara de Matosinhos aprovou na passada terça-feira, dia 14, em reunião privada, a contratação de um empréstimo de 2,5 milhões de euros. Com este montante, o presidente da autarquia, Guilherme Pinto, prevê gastar um total de 650 mil euros na recuperação da Casa de Chá da Boa Nova, imóvel classificado como monumento nacional, da autoria do arquitecto Siza Vieira, e que apresenta vários sinais de degradação. "Prevejo que para o início do ano possamos começar as obras", anunciou depois Guilherme Pinto, em conferência de imprensa.

Para além da Casa de Chá da Boa Nova, o empréstimo contemplará ainda a construção da Casa Mortuária de Lavra, a reabilitação do palacete Visconde de Trevões, alterações no bairro da Biquinha, instalação de dois Espaços Quadra, dedicados à inovação e à criatividade, reabilitação do bloco C do conjunto habitacional da Guarda, da antiga escola da Viscondessa e do edifício da Real Vinícola e uma intervenção na Rua Joaquim Neves dos Santos.

Muitas críticas

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Empréstimo de 2,5 milhões de euros foi conseguido com dificuldade Paulo Pimenta

A Casa de Chá da Boa Nova foi recentemente alvo de uma visita dos vereadores da Associação Narciso Miranda Matosinhos Sempre que criticaram o estado a que o monumento chegou e a inacção camarária. Por seu turno, a JSD de Matosinhos também organizou o que chamou "roteiro pelo abandono de Matosinhos", no qual, entre outros casos, denunciou a degradação da Casa de Chá da Boa Nova e da antiga Real Vinícola. Para Guilherme Pinto, a oposição apenas efectuou estas acções por saber que ia ser pedido um empréstimo para resolver problemas como o da Casa de Chá da Boa Nova. "A oposição apenas funciona por impulso, não por iniciativa própria", criticou.


O autarca disse que "só em Julho é que o Governo disse qual era a capacidade de endividamento da Câmara de Matosinhos, usando critérios que prejudicam Matosinhos". Como referiu, a quantia a que câmara está autorizada, neste momento, são 3,5 milhões de euros, mas, no seu entender, de acordo com a Lei das Finanças Locais, o município tem uma capacidade de endividamento de 50 milhões.

Dificuldade no empréstimo

No entanto, mesmo que o Governo lhe autorizasse um crédito mais elevado, provavelmente de pouco lhe valeria. O presidente da câmara revelou que contactaram vários bancos com o objectivo de pedir 3,1 milhões de euros e todos responderam não, à excepção da Caixa Geral de Depósitos. Ainda assim, esta apenas emprestará 2,5 milhões de euros e impõe um período de amortização menor do que o desejado pela autarquia. Guilherme Pinto avisa que outras câmaras irão ouvir respostas negativas dos bancos que agora têm de dispor de maiores garantias para lhes emprestar dinheiro.


O executivo aprovou também um conjunto de isenções de taxas e impostos à construção de uma fábrica das conservas Ramirez, um investimento de 15 milhões de euros e que deverá criar 192 postos de trabalho, e do centro de investigação aeronáutica do Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel. Ao todo, a câmara irá perdoar 1,6 milhões em taxas e impostos, mas Guilherme Pinto enaltece a criação de emprego e a modernidade dos dois empreendimentos.


O executivo aprovou também a venda, em hasta pública, de 15 veículos. Guilherme Pinto destacou a "particularidade" de dois dos carros terem pertencido ao antigo presidente Narciso Miranda: um BMW 728i com 14 anos e 301.890 km e um BMW 316i com 15 anos e 223.666 km. A autarquia irá ainda apresentar uma queixa no Ministério Público devido ao roubo de obras e documentos do pintor portuense José de Resende (1825-1893).

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