O arquitecto português Álvaro Siza vai ser distinguido com o Leão de Ouro pela sua carreira na Bienal Internacional de Arquitectura de Veneza, em Itália, que acontece entre 29 de Agosto e 25 de Novembro, anunciou esta quarta-feira a organização. Esta é a segunda vez que o arquitecto é premiado nesta bienal, depois de em 2002 ter recebido o Leão de Ouro de projecto.
O nome de Álvaro Siza, apresentado pelo director artístico David Chipperfield, foi o escolhido pelo júri presidido pelo italiano Paolo Baratta. Em comunicado, o júri justifica o prémio com a carreira singular de Álvaro Siza, que recentemente viu três projectos seus entrarem para a colecção do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA).
“É difícil pensar num arquitecto contemporâneo que tenha mantido uma presença tão consistente na profissão como Álvaro Siza. Que esta presença seja mantida por um arquitecto que vive e trabalha na margem extrema atlântica da Europa só serve para enfatizar a sua autoridade e o seu estatuto”, lê-se no comunicado, que destaca os projectos da Casa de Chá Boa Nova e as Piscinas de Marés, ambos em Leça da Palmeira.
Para o júri, Álvaro Siza tem mantido ao longo dos anos “uma posição única na galáxia da arquitectura”. “Siza apoiou uma produção consistente de trabalhos ao mais alto nível”, diz o júri, explicando que “protegido pela sua localização isolada, ele emite conhecimento global”. “Experimentando com as formas da geometria extrema, ele consegue produzir edifícios de grande rigor. Desenvolvendo uma linguagem arquitectónica que é unicamente sua, parece falar para todos nós.”
Figura destacada da arquitectura, Álvaro Siza é o arquitecto português mais premiado. Entre as muitas distinções e prémios já recebidos, destaca-se o Pritzker em 1992, o maior galardão da área da arquitectura, considerado o Nobel da Arquitectura. Ao longo da sua carreira Siza recebeu, entre outros, a medalha de ouro de Arquitectura do Conselho Superior do Colégio de Arquitectos de Madrid, a Medalha de Ouro da Fundação Alvar Aalto, o Prince of Wales da Universidade de Harvard, o Prémio Europeu de Arquitectura da Comissão das Comunidades Europeias/Fundação Mies van der Rohe, o Prémio Secil Arquitectura, a medalha de ouro da União Internacional dos Arquitectos e a Medalha de Mérito cultural do Ministério da Cultura de Portugal. Em 2010, o arquitecto foi agraciado pela Universidade Técnica de Lisboa com o grau de Honoris Causa.
“Aparentemente correndo na direcção oposta à do resto da profissão, Siza parece estar sempre na frente, imaculado e não se intimidando com os desafios práticos e intelectuais que ele define para si mesmo”, acrescenta o júri, destacando que “os que tiveram a sorte de o ouvir falar sobre arquitectura, usando palavras com uma moderação tão preciosa e precisa como as linhas perfeitas dos seus desenhos, sabem que estes trabalhos não são um produto de um talento convencional mas de uma mente sofisticada exercitada pela confiança do conhecimento e a sabedoria da dúvida”.
Nascido em Matosinhos, em 1933, Álvaro Siza estudou na Escola Superior de Belas Artes do Porto e tem uma vasta obra arquitectónica de projecção internacional. O Museu de Serralves, a Casa do Chá, o Pavilhão de Portugal na Expo 98, a igreja de Marco de Canavezes ou o projecto de renovação do Chiado são algumas das suas obras mais emblemáticas, tendo também concebido o projecto para o Centro Meteorológico da Vila Olímpica, em Barcelona, ou para o Museu de Arte Contemporânea da Galiza. Mais recentemente projectou o museu para a Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, no Brasil.
O Leão de Ouro será entregue a Álvaro Siza no dia 29 de Agosto na cerimónia de abertura na 13ª edição da Bienal Internacional de Arquitectura de Veneza.