O início foi igual ao de tantos outros projectos: José Cardoso estava sem trabalho, depois do fim de um contrato num ateliê de design, e um brainstorming familiar acabou por resultar na criação do “A Thousand Faces Staring Back at You”, que começou como um hobby.
A ideia de um site que é uma caderneta de cromos virtual afigurou-se como a mais indicada para “ir aguentando” enquanto não surgiam outras oportunidades a este designer freelancer de 28 anos, formado na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto.
A mecânica do projecto é simples: qualquer pessoa pode encomendar um cromo seu por apenas um euro e, depois, a troca de autocolantes é encorajada. Até porque não é garantido que se adquira o seu próprio cromo logo à primeira carteirinha. “Os autocolantes são seleccionados aleatoriamente e, se tiveres sorte, aparece a tua cara; se não tens de trocar com outras pessoas”, explica José.
Criado há dois meses, já está a “exceder as expectativas” de José Cardoso para quem, inicialmente, fazer 20 cromos “era uma sorte”. Já são mais de 150 e de cada vez que se faz refresh na página o número de rostos estilizados contra fundos coloridos aumenta.
Cartões de visita originais
No meio de pessoas, maioritariamente do Porto e de Braga – apesar de já estarem a chegar ao e-mail de José pedidos de outras cidades do país -, há cromos de cães e gatos, devidamente identificados com o nome e a idade. Houve até uma família que pediu cromos para todos os seus elementos, numa espécie de série particular.
Para fazer parte de uma qualquer carteirinha, que pode ter cinco, dez ou 15 cromos, é necessário enviar uma fotografia, preferencialmente de frente, e completar o pedido com vários dados, ao melhor estilo rede social. A idade e a localidade, o site ou os interesses vão aparecer lado a lado com o cromo, assim que impressos, e a troca pode ser feita em função disso mesmo.
Os cromos “acabam por funcionar como cartões de visita”, define José, e no futuro é possível que surjam novos formatos dentro do próprio site, como a transposição para poster, por encomenda. A criação de uma secção que permita o contacto entre os vários “cromos” também está em cima da mesa.
“Tenho noção de que, apesar de ter pano para mangas, é uma sensação de agora e, provavelmente, daqui a três meses, já ninguém quer saber disto”, reconhece José. “Mas era fixe fazer disto a minha empresa.”