O grupo multidisciplinar surgiu de uma ideia de Aurélio Campilho, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e investigador do Instituto de Engenharia Biomédica (INEB), que conta com a colaboração de Filipe Magalhães e Hélder Oliveira, investigadores do INESC Porto e alunos de doutoramento na Faculdade de Engenharia.
No projecto Bio Star participam os alunos da faculdade para trabalhar em aplicações de processamento e análise de imagem relacionadas com áreas como a biometria, bioimagiologia, biorobótica e bioinformática.
"A ideia era que os alunos de pós-graduação começassem a ter alguma experiência na orientação de projectos ou de tarefas e que os alunos de pré-graduação começassem também a sentir como é a investigação e que adquirissem algumas competências de apresentações em público e outras que depois lhes possam vir a ser úteis ao longo do curso, mais a nível técnico", explica Filipe Magalhães, um dos responsáveis pelo grupo. Os alunos tiveram formação para adquirirem competências técnicas básicas essenciais para desenvolver as actividades do grupo.
Projectos em curso
Hélder Oliveira, um dos responsáveis pelo grupo Bio Star, explica um dos projectos de parceria com o IBMC relaccionado com a detecção de uma camada de mielina em imagens de microscopia electrónica. "Os biólogos quando querem detectar as camadas de mielina nas células fazem-no manualmente. Colocam a imagem adquirida no microscópio e depois, no computador, fazem a análise com um software de imagem. A ideia é automatizar, criar um software que possa fazer a contagem dos axónios na célula e também calcular a espessura da camada mielina em cada um dos axónios", conta.
O objectivo é libertar os biólogos dessa tarefa manual e obter resultados de forma mais rápida e objectiva. "Manualmente demora cerca de uma hora para cada célula, com o software podem ser apenas dez minutos. É um carácter muito inovador de processamento de imagem aplicado à biologia", afirma Hélder Oliveira.
Outro projecto que está a começar a ser desenvolvido em parceria com o Centro de Reabilitação Profissional de Gaia prende-se com a avaliação do ajuste de uma prótese ao coto ou membro amputado. "É um dos problemas reais que essas pessoas sentem e isso vai permitir detectar zonas de pressão que a prótese esteja a exercer no membro amputado. E, se nós conseguirmos avaliar a superfície interna das próteses, podemos trabalhar também a montante no fabrico e corrigir eventuais falhas que esse processo possa estar a introduzir", explica Filipe Magalhães.
Filipe Magalhães congratula os bons exemplos da FEUP mas lamenta não existirem mais projetos deste género. O projeto Bio Star recebe felicitações da comunidade académica e das empresas com quem colabora. "Nós achamos que a competição não é muita e isso pode ser positivo. Uma das dificuldades e falhas que há é o conhecimento do potencial deste tipo de abordagem aos problemas. Entendemos que há um grande potencial até mesmo para a criação de empresas com base tecnológica nesta área", diz.