PINC, as ideias disparatadas são as que têm mais sucesso

Visitámos o Pólo das Indústrias Criativas da Universidade do Porto e explorámos gabinetes do edifício cor-de-rosa, onde fervilham perto de 30 empresas

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A equipa da Claan, com o cão Vincent van Dog Nelson Garrido

A CulturePrint oferece serviços de ghostwriting para quem ache que a sua vida dava um livro. A RentingPoint criou o primeiro site de aluguer em Portugal e aluga desde bonecos insufláveis a cadeiras de rodas e vestidos de noiva. Também há uma empresa que criou o Loveblip, que põe pessoas com interesses comuns, que queiram ir ao mesmo concerto, por exemplo, a falar umas com as outras. E outra que se pôs a editar discos. E ainda aquela que encontra, negoceia e reabilita casas à medida de cada cliente. Quem acredita que o empreendedorismo e a inovação se traduzem obrigatoriamente em gigabytes e equações inacessíveis escusa de ir bater ao Pólo das Indústrias Criativas da Universidade do Porto (PINC).

Nestes gabinetes de um edifício cor-de-rosa fervilham perto de 30 empresas. Num país vergastado pela crise, os que aqui trabalham atreveram-se a dar sequência prática a um qualquer momento eureka, do género "Mas como é que alguém não pensou nisto antes?". Eles pensaram. E, mais do que isso, fizeram.

O resto é suor e persistência. Nas carteiras de clientes de algumas destas empresas — veja-se a Claan, que funciona numa sala onde vários iMacs disputam espaço com uma bicicleta e um cão que se chama Vincent van Dog — pontuam gigantes como a Siemens.

Observa-se o entra-e-sai dos gabinetes e vêem-se rapazes e raparigas com T-shirt e sapatilhas. À maioria ninguém colaria o rótulo CEO. Mas é isso que eles são. "As ideias que nos chegam são todas potencialmente disparatadas. E, por vezes, acontece que as mais disparatadas são as que têm mais sucesso", introduz Fátima São Simão, responsável pelo PINC. Criado em 2010, é um dos quatro pólos do Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC), o qual soma 112 empresas.

No processo de selecção das empresas, a universidade privilegia as propostas por ex-alunos "ou que ambicionem ligar-se à universidade". Antes de terem direito a gabinete, os potenciais empresários passam por um período de incubação. Têm telefones, Internet, uma sala de co-work, outra de reuniões e um auditório. A maioria das que falham é nesta fase. Ultrapassada essa etapa, as empresas ganham direito a gabinete próprio. "Não somos uma agência imobiliária, o que cobramos é um valor simbólico de oito euros por metro quadrado mais dois euros para condomínio - limpeza, água, luz, serviço de vigilância 24 horas por dia."

Têm telefone à disposição, mas pagam as chamadas. Além disso, o PINC tem "um programa de apoio ao empreendedorismo com a Escola de Gestão do Porto que garante formação em sala sobre princípios básicos de gestão". Os que precisarem podem candidatar-se a um serviço de consultoria que os ajude a vencer questões burocráticas e a focar-se no negócio. Ao fim do primeiro ano, a valor da renda sofre um aumento de 15%. Ao fim do segundo, passa para 20%. "A ideia é que as empresas se emancipem."

Não é bem o caso da CulturePrint, mas anda lá perto. É uma cooperativa sem fins lucrativos, nasceu em Maio de 2011 pela mão de três mulheres, a Catarina, a Isabel e a Minês. Uma era livreira, outra vinha das Belas-Artes e a terceira, a Minês, tinha-se licenciado em comunicação. Juntaram-se para "comunicar cultura". Hoje, fazem assessoria de comunicação, editam, produzem eventos e escrevem. Muito. "O serviço de ghostwriting tem muita procura, para livros mas também para discursos e até para blogues de pessoas que têm coisas para dizer mas não sabem como", conta Minês Castanheira.

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