Durante alguns fins de semana, Amélia Brandão Costa? e Rodrigo da Costa Lima andaram pelas ruas do Porto com a capa do número um da Index Newspaper. Paravam pessoas na rua e pediam-lhes que se deixassem fotografar com a capa da revista a cobrir o rosto. Os “retratos” aparecem no editorial da primeira edição, com o nome (real ou não) da pessoa e a profissão, sempre repetida: arquitecto.
A Index Newspaper, revista de arquitectura lançada este mês, quer ser “de todos e para todos”, conta Rodrigo da Costa Lima, que fundou a revista com Amélia Brandão Costa. E a ideia do primeiro editorial foi mostrar exactamente isso: “Que somos todos arquitectos ou, pelo menos, convivemos com a arquitectura todos os dias sem nos apercebermos”, explica Amélia.
Trimestral, com edição bilingue (português e inglês) e um preço abaixo de grande parte das revistas da especialidade (3,5 euros), a publicação divide-se em quatro partes fundamentais: uma grande entrevista, uma visita a um atelier, um espaço de crítica e ensaio e outro para projectos e obras. A capa tem, todos os meses, um “artwork” realizado por um artista convidado e o design está a cargo de Miguel Almeida ?e Pedro Vareta.
Revista surgiu "por acaso"
A revista quer pôr toda a gente – e não só os arquitectos – a ler sobre arquitectura. “O que sentimos é que com esta revista podemos fazer imensas coisas para além do trabalho de escritório”, conta Amélia. E Rodrigo acrescenta: “Falar de arquitectura é importante e com a Index conseguimos fazê-lo. A autoria é uma coisa que nos abafa, nos encolhe, é obsessiva; quando falamos com outros arquitectos temos mais distância”.
Com um percurso muito semelhante – curso feito na Universidade do Porto, trabalho numa empresa Suíça -, o casal decidiu abrir um escritório no Porto em 2007. E chegou à fundação da revista “por acaso”: depois de um projecto para o qual tinham sido convidados ter sido cancelado, ficaram com uma série de conteúdos entre mãos sem fim destinado. E decidiram torná-lo útil.
O “guarda-chuva” da revista dá a estes dois arquitectos do Porto a possibilidade de trabalhar noutras áreas. Por exemplo, a cada lançamento, organizam um evento (“um acontecimento”, acredita Rodrigo) que é também um espaço de discussão de arquitectura.
O primeiro, no dia 7 de Janeiro, é no salão de bilhares do café Ceuta, no Porto, e conta com a presença do arquitecto suíço Valerio Olgiati, que é também o primeiro entrevistado da Index. “A ideia é fugir ao paradigma dos auditórios, que são circuitos muito fechados”, remata Rodrigo.