Um dia as pessoas vão querer pagar para receber publicidade. A convicção de José Simões anda de mãos dadas com a tese de doutoramento que defendeu em Outubro, em Berlim, e que originou uma aplicação para telemóvel, a Mobitto.
Há um lado por desvendar na forma como as pessoas querem receber e como os comerciantes querem vender publicidade. "Quase ninguém gosta de receber publicidade”, admite José Simões, mas isso pode mudar: “Um dia, [a publicidade] vai ser tão direccionada e vai tão ao encontro às expectativas das pessoas que passará a ser desejada".
É também isso que a Mobitto pretende. Para já, é uma "aplicação de 'life and style'" – para que as pessoas façam o que gostam de forma mais barata. Para já, é dirigida a estudantes universitários, do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) e da Universidade de Aveiro, com quem a Mobitto já fechou contrato. Mas um dia vai ser mais.
Gratuito e rápido
Quem o garante é o criador da ideia, desenvolvida pelo co-autor, Diogo Teles. O que a Mobitto quer é abrir portas para um mundo mais barato. Por agora dentro da vida universitária – festas, "happy hours", "merchandising" -, depois para todos: operadores de telecomunicações e empresas de entretenimento são potenciais clientes.
O processo é simples: descarregar a app (gratuita e disponível para iPhone e Android), fazer "check-in" e verificar que descontos estão disponíveis perto do local onde se encontra. Depois, é feita a reserva via telefone e, ao chegar ao lugar do desconto, é só deixar o telemóvel fazer a leitura e aproveitar o desconto.
Objectivo: Europa
A médio prazo, o objectivo é direccionar cada vez mais as ofertas: “Queremos que as pessoas recebam apenas aquilo que querem”, explica José Simões. E mais: querem que os anunciantes possam ser mais autónomos a utilizar o serviço.
O mercado em que a Mobitto se insere é uma espécie de comércio electrónico no telemóvel, mas mais dirigido. Isto porque, diz José Simões, “a forma como a oferta é dirigida actualmente não é, na nossa opinião, a ideal”.
Até ao final do ano, querem ter 30 mil utilizadores. E garantem que "Portugal é um projecto-piloto” e que a Europa também será deles um dia. Já há negociações com universidades do Reino Unido, onde, por ano, entram 700 mil estudantes.